REVOLUÇÃO ANÁRQUICA ESPIRITUALISTA

Recentemente convidamos todos a participar de uma revolução anárquica espiritualista. Com isso nos tornamos responsáveis por todos aqueles que aceitarem o convite. Por isso precisamos ajudá-los na identificação dos alvos e na mira perfeita. Só assim eles poderão vencer essa batalha e viverem uma existência em paz, harmonia e felicidade

É isso que vamos fazer nesse blog. Em cada postagem um alvo e uma munição para vencer a batalha contra o mundo.


quinta-feira, 25 de julho de 2019

LIVRE ARBÍTRIO


Participante: Joaquim, pensando na questão da responsabilidade e do livre arbítrio ...

Antes de me fazer a sua pergunta, lhe pergunto: partindo da premissa que você é um espírito e não um ser humano, qual o seu livre arbítrio?
Participante: é a minha escolha ...
Mas, que escolha?
Participante: pelo caminho que eu julgo reto...
Desculpe, mas não é esse o seu livre arbítrio. Segundo O Livro dos Espíritos não é essa a liberdade de opção que você possui.
Segundo esse livro, você tem dois livre arbítrios. O primeiro existe antes de encarnar. Nesse momento o espírito pede o gênero das provas que irá passar. Ainda segundo esse livro, quando perguntado sobre fatalidade, é ensinado que a escolha do espírito gera para ele uma espécie de destino. Portanto, ao se utilizar do seu livre arbítrio antes de encarnar escolhe seu gênero de provas; essa escolha gera automaticamente um destino, uma sequência de acontecimentos que fatalmente acontecerão.
Acontece que na questão que fala sobre fatalidade existe a afirmação que você possui mais um livre arbítrio. O Espírito da Verdade diz que com relação à prova moral o espírito é livre para optar entre o bem e o mal.
Sendo assim, é preciso compreender que antes da vida você possui o arbítrio de escolher as provas e com isso gerar um destino pré-determinado. Depois que encarna, ao viver o destino escolhido, tem o direito de optar entre o bem e o mal.
O que é o bem? Deus. É estar em paz e harmonizado com o mundo. O que é o mal? Ranger de dentes, sofrer, se achar obrigado, responsável, ter que fazer.
Portanto, esqueça o livre arbítrio que imagina que tem com relação à sua família. Os membros dela são espíritos e eles escolheram seus gêneros de provas antes de encarnar. Ao fazer isso, a fatalidade gerará uma determinada vida. Por isso, ao invés de se preocupar com o que pode acontecer com eles, aprenda a estar em paz e harmonizado com o que eles estão vivendo como fruto do pedido que fizeram antes da encarnação.
Só fiz este esclarecimento para não nos confundirmos na questão do livre arbítrio. Continue, por favor.
Participante: qual a função de um pai e de uma mãe que apesar de dar tudo para o filho acaba vendo ele ir para o caminho das drogas? Dar tudo, e não falo de coisas materiais, não está dentro da responsabilidade que estamos falando?
Não, tudo que você dará para ele não tem nada a ver com a vida de agora, não é criado nesse momento. Tudo que der ao seu filho tem que estar de acordo com as provas que ele mesmo pediu para si.
O bom pai não pode ser considerado aquele que dá educação moral humana ou comida para o filho. Isso porque se tal atitude não estiver na fatalidade da vida do filho, ou seja, se não for o resultado do que pediu antes de encarnar, estaria interferindo na encarnação dele.
Participante: como, então, saber isso?
Tendo a consciência de que exatamente o que um pai dá para o seu filho é o que ele precisa, o resultado perfeito do que foi pedido antes de encarnar. Se o pai dá escola, alimentação e educação é o que o filho precisa. Agora, se não dá nada disso, é aquilo que o filho precisava.
Participante: mas, uma postura ou outra é resultado de uma escolha, não?
Sim, mas de uma escolha antes da encarnação.
Participante: mas, e no aqui e agora?
No aqui e agora o ser encarnado só tem um livre arbítrio: optar entre viver o que faz de uma forma harmônica, amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ou viver esse acontecimento criticando alguém e o que ele faz.
O problema é que o sistema humano de vida diz que você é autônomo com relação a Deus, mesmo quando todos os mestres ensinaram que não cai uma folha da árvore sem que o Pai faça cair. Cristo falou ainda: vocês não podem fazer um fio da cabeça ficar branco. Apesar disso, ainda querem gerar um futuro, para si e para os outros, durante a vida carnal.
Além desses ensinamentos, em O Livro dos Espíritos se pergunta se o espírito pode pedir a sua prova durante a encarnação. A resposta é não. A justificativa que o Espírito da verdade dá para esta resposta é que quando encarnado há outra intenção que motiva o ser.
Saiba que a intenção do espírito não tem nada a ver com a do ser humano. A intenção humana é ganhar, ter o prazer, ser reconhecido como bom, certo e ser elogiado, enquanto que o objetivo do espírito é viver a maior quantidade possível de provas para poder progredir espiritualmente.
Não sei se você já leu a literatura espírita, mas nela há informações de espíritos que pedem para nascer cego, surdo, mudo, sem as pernas e braços. Faz isso porque quer a prova e não o bem estar humano. Apesar de já terem tido acesso a essa informação, se um espírito nasce perfeito, mas tem um pai que não lhe dá comida, você ainda acha errado o que este pai faz.
Este é que é o problema. O sistema humano de vida cria um ideal de vida e esse ideal – o certo, o bom e o bonito humano – não tem nada a ver com o espiritual. O espírito quer para ele tudo que puder ter para evoluir. O ser humano quer tudo o que seja bom para esta vida, sem se preocupar se o bom desta vida será bom para a outra.
Para poder ter o bom, prende-se a obrigações e necessidades nessa vida. Acha que com isso está mostrando responsabilidade. Só que não vê que com isso está sendo completamente irresponsável com a única coisa pela qual é responsável: amar. A única responsabilidade que um espírito tem, encarnado ou não, é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Participante: a questão é o limiar entre uma coisa e outra. É normal na literatura se ver pessoas que estão no caminho errado serem resgatas para o caminho certo.
Desculpa, mas se há uma fatalidade, ou seja, se há algo pré-definido, este resgaste também está pré-definido. Ele só acontecerá quando estiver programado e não porque o espírito pediu para ser socorrido ou porque os socorristas acharam que deveriam ajudar aquele ser.
Sendo Deus Causa Primária de todas as coisas, Justiça Perfeita e Amor Sublime, não pode acontecer nada errado ou maldoso. Portanto, tudo o que alguém fizer para o outro deveria acontecer.
Participante: mas, se a pessoa não faz mais aquilo, se ela se muda?
Se a pessoa se muda é porque Deus causou que isso acontecesse e isso deveria ter acontecido. Mais: deveria ter acontecido naquele momento. Nada ocorre antes ou depois da hora.
Sendo assim, o resgate estava pré-programado...

OPTANDO PELA FELICIDADE


A base do ensinamento trazido pelo Espiritualismo Ecumênico Universal é que existe um estado de espírito onde se pode viver uma felicidade incondicional e eterna. Esta concepção, no entanto, para os seres humanos é utópica, pois para eles a vida é constituída apenas de momentos de felicidade. Imaginar uma existência onde a infelicidade jamais aconteça é coisa apenas para a imaginação de sonhadores.
Para que a felicidade incondicional deixe de ser utopia, um primeiro conhecimento deve estar presente na vida dos seres humanos: a cada momento ele possui o livre arbítrio, ou seja, o poder de decidir com que estado de espírito vivenciará o acontecimento. As coisas (pessoas, acontecimentos ou objetos) não podem definir o estado de espírito de um ser, mas ele opta em reagir com determinado sentimento a elas.
O mesmo acontecimento presenciado por diversas pessoas levará alguns a alcançarem a felicidade enquanto outros encontrarão o sofrimento. Se o estado de espírito fosse decretado pelo fato em si, todos deveriam reagir da mesma forma: sofrendo ou ficando feliz.
A felicidade incondicional, estado de espírito onde o ser jamais sofra, não é, portanto, uma utopia, mas algo que só será alcançado a partir do livre arbítrio de cada um. Todos podem ser felizes o tempo inteiro, mas precisam decidir ser.
Portanto, ser feliz é uma questão de opção e não de acontecimentos.
A partir deste conhecimento, o ser humano pode compreender que não sofre por causa da situação do planeta (fome, guerra, miséria), ou de sua vida (desencontros, saudade, perda, contrariedade), mas que o sofrimento nasceu da sua decisão pessoal de escolher este estado de espírito para vivenciar determinados acontecimentos. Se ele optasse, como muitos fazem em face de estes mesmos acontecimentos, por permanecer feliz, por manter inalterado o seu padrão de felicidade, o sofrimento não encontraria guarida e desapareceria.
No entanto, como deixar de sofrer nessas situações? Como é possível escolher felicidade quando existe tanta desgraça, desamor e injustiça ao nosso redor? Existe apenas um instrumento que pode auxiliar o ser humano neste momento: a fé.
Como nos ensinou Jesus Cristo, a fé, mesmo que do tamanho de um grão de mostarda, pode remover as montanhas da vida, ou seja, as desgraças, os desamores e as injustiças. Sem a fé em Deus, os acontecimentos do mundo continuarão sendo visto como montanhas (algo difícil de transpor), ou seja, de se permanecer feliz.
Mas, o que é fé em Deus? Este é um tema de debate entre todas as religiões. Elas ainda não chegaram a um consenso sobre a fé, porque na verdade a subordina aos conceitos doutrinários de cada uma delas. Desta forma, podemos afirmar que a fé procurada pela igreja católica, por exemplo, é a fé em Deus a partir dos ensinamentos doutrinários da religião católica. Como cada uma usa a sua doutrina para definir fé, podemos dizer, então, que para cada religião existe uma definição de fé.
Jesus Cristo, bem como todos os mestres da humanidade que trouxeram ensinamentos a partir dos quais foram erigidas religiões, não falaram de fé em doutrina religiosa, mas da fé em Deus. Amar a Deus acima de todas as coisas, este é o ensinamento que fundamenta a fé de todos os seres purificados.
A religião é um objeto do mundo material e, portanto, o amor a Deus deve ser superior ao próprio ensinamento religioso ou à própria religião. Somente o amor incondicional a Deus pode levar o ser humano a conseguir optar pela felicidade a cada segundo de sua existência.
A escolha de um ser humano (felicidade e infelicidade) se deve a um raciocínio. Ao ver, por exemplo, uma criança subnutrida à beira da morte, inconscientemente o ser humano opta pela infelicidade, porque o seu raciocínio mostra a ele que ali está acontecendo uma barbaridade, um desamor e uma injustiça. Isto ocorre, porque os conceitos (verdades arquivadas na memória) estampam estes valores. Toda uma cultura (verdades) está presente no pensamento levando a um fim inexorável: o sofrimento.
No entanto, perguntamos, onde ficou Deus neste pensamento? Onde a presença do Ser Onipresente, Onisciente e Onipotente foi sentida ao presenciar a cena?
Fé é entrega com confiança total a Deus.
A ação da fé em Deus leva o ser humano a lembrar-se do Pai em todos os acontecimentos. Viver com Deus presente, a cada segundo em sua existência é viver em fé. Como também nos ensinou o Mestre Nazareno, orai e vigiai, ou seja, viva em contato com Deus e vigie para encontrá-Lo a cada momento.
Esta é a entrega pedida por todos os mestres. Entregar-se a Deus é senti-Lo em cada acontecimento do planeta, vivenciar cada fato sentindo a Sua Presença. Só isto, porém, não é necessário para que se opte pela felicidade: é preciso a confiança total Nele. Ter fé é vivenciar Deus a cada segundo depositando a confiança incondicional Naquele que a tudo pode, vê e sabe. É sentir-se acariciado e orientado pelo Pai no sentido da evolução.
A entrega com confiança a Deus muda a compreensão que se tem dos fatos.
Se o ser humano compreende os fatos raciocinando, quando, ao invés de suas verdades, ele utiliza a fé (confiança e entrega total a Deus), a sua compreensão mudará. A fome de uma criança é barbárie, desamor e injustiça porque os seres humanos não dividem seus bens. O egoísmo e a avareza das pessoas é que faz o coitadinho sofrer desta forma. Estas são verdades que levam ao sofrimento, mas elas surgem apenas do que o ser humano sabe (alcança através dos sentidos físicos) e não leva em conta a fé.
A partir do momento que a fé entrar em ação, ou seja, a confiança e entrega a Deus influenciarem o raciocínio, o pensamento terá que ser diferente e aí, a conclusão também se alterará.
Como pensar diferente? Que valores devem usados?
Você que nos acompanhou até este ponto deve estar começando a pensar em dogmas, ou seja, que a fé em Deus deve ser cega. Isto, no entanto, não é verdade.
O ser humano é lógico, ou seja, precisa compreender a situação para poder chegar a uma conclusão e aí exercer a sua escolha sentimental. Apenas se informar que a criança sofre porque tem que sofrer, porque Deus presente está vendo ela sofrer e não faz nada, fere esta lógica. A entrega com confiança irrestrita a Deus precisa advir de uma lógica humana, pelo menos neste momento de evolução da humanidade. Por este motivo a fé dogmática ainda não pode ser exercida no planeta.
A fé, então deve ser raciocinada?
Esta é a pergunta que você deve estar se fazendo agora. Respondo, porém, que a fé raciocinada não é fé, mas apenas a manutenção das verdades individuais de cada um.
Como conversamos, o ser humano raciocina as coisas (acontecimentos, pessoas e objetos) a partir de suas próprias verdades e não de novos valores. Desta forma, o raciocínio sobre a entrega com confiança a Deus submeterá a fé aos valores do ser humano e não aos valores de Deus (Suas Verdades).
Um ser humano que raciocinar a sua entrega ou confiança no Pai, submeterá a fé aos seus próprios valores. Assim sendo, se o fato lhe agradar ele se entregará e confiará em Deus se não, blasfemará dizendo que o Pai não sabe o que está fazendo, que não compreende o que é melhor para ele.
Conquistada a confiança surge a entrega e quando isto acontecer, ela não deve ser mais ser questionada ou raciocinada.
Para optar pela felicidade é preciso conhecer os acontecimentos a partir da fé e não Deus a partir dos acontecimentos.
Um grande equívoco do ser humano é querer raciocinar a sua relação com Deus a partir dos acontecimentos da sua vida ou do mundo onde vive. Esta forma de proceder é que leva o ser humano a agradecer a Deus (ficar feliz) quando os fatos lhe satisfazem e a reagir contra Ele (sofrer) quando o contrário ocorre.
Estabelecida a fé, é preciso se mudar a visão sobre as coisas. Analisar os acontecimentos a partir desta nova relação de confiança e entrega e não duvidar a cada segundo deste relacionamento. Quando o relacionamento homem/Deus for a base para o raciocínio dos acontecimentos, a compreensão deles será alterada.
Uma criança que passa fome é uma visão material. Um filho de Deus vivenciando uma situação com a presença Dele são acontecimentos diferentes, dentro da compreensão do homem.
Para alcançar essa fé, é preciso, antes saber a que está se entregando.
A confiança ganha lógica quando se sabe em quem estamos confiando. Uma pessoa que ao longo dos anos esteve presente em nossa vida como amigo merecerá confiança e crédito, mesmo que alguém venha desonrá-la. Esta é a fé com conhecimento raciocinado. É preciso que raciocinemos Deus (O conheçamos) para que possamos estabelecer a lógica da confiança e entrega. A partir deste conhecimento, podemos alcançar a confiança e defende-Lo sempre que as verdades individuais buscar desonrá-Lo.
Deus só pode ser conhecido através dos ensinamentos daqueles que Ele enviou.
O ser humano não consegue conhecer a Deus através de suas verdades, pois faltam a elas humildade e desmaterialização. Para se ter alguma noção de quem é o Pai, não no sentido físico, mas moral, intelectual e sentimental, é preciso que ouçamos aqueles que foram enviados por Deus justamente para estabelecer o caminho para a fé.
O ensinamento máximo que todos os Mestres trouxeram é que Deus é o Senhor Onipotente do Universo. Nada nem ninguém possui no universo poder maior do que Deus. Para Ele nada é impossível.
A partir desta Verdade, como voltar a ver o mundo sob o mesmo prisma? Será que o Senhor Onipotente não pode desviar uma bala que se perdeu e, desta forma, proteger um inocente? Será a ganância ou avareza do ser humano que não reparte o seu pão poderá ser mais forte do que Ele e, por isso, a criança precisa passar fome?
Você, pai ou mão, deixaria seu filho passar fome apenas porque o mundo não contribui para que ela se alimente? Certamente não. Faria tudo, inclusive humilhar-se mendigando, para que isto não acontecesse. Se você, que possui parcos poderes, conseguiria, de um modo ou de outro um pequeno alimento para seu filho, porque o Pai Todo-Poderoso não faria nada?
Deus poderia mover todo o universo, se preciso fosse, para que aquela criança recebesse o alimento. Jesus Cristo poderia materializar o pão e o peixe e os anjos trariam especialmente para aquele filho, pois o Pai nunca deixaria a míngua o filho.
A entrega sem esta Verdade não existe. É preciso se confiar em Deus absolutamente para saber que, se possível, Ele já teria providenciado um prato de comida para a criança faminta. Se Ele achou necessário que isto acontecesse, o ser humano que confia Nele deve buscar esta mesma compreensão e não querer saber o por que Dele não ter providenciado que a fome fosse saciada.
Deus é a Inteligência Suprema do Universo, ou seja, possui a capacidade infinita de compreensão de todas as coisas. Somente Ele pode compreender todos os aspectos da fome daquela criança. Seus raciocínios contêm Verdades que somente Ele vê e que, aos olhos do ser humano, não existem.
Quando o Pai não providencia o alimento é porque sabe que a criança precisa e merece esta situação. A compreensão é fruto de um julgamento perfeito de toda a existência daquele ser e não apenas da visão restrita de um ser humano, quer em espaço ou tempo.
No entanto, se o julgamento determinasse que aquela criança não deveria sofrer esta situação, Deus providenciaria o seu alimento. Como Jesus Cristo nos ensina, ”o Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso” e providencia o alimento para cada um. Isto porque Deus é a Causa Primária de todas as coisas. “Não cai uma folha da árvore sem que meu Pai faça cair”: não existe uma fome no mundo que Deus não a tenha feito.
Tudo o que acontece no universo é uma ação, mas não isolada. Para se compreender a vida é preciso que se entenda o inter-relacionamento que existe entre tudo. Todas as ações são reações (conseqüência) de alguma coisa.
Uma batida de automóvel é conseqüência do fato do carro está na rua, que se originou na sua vontade ou necessidade de sair, que foi causada por alguma outra coisa. Se eliminarmos a causa dos acontecimentos perde-se o verdadeiro sentido (essência) do mesmo.
Na busca da causa primeira de qualquer ação, ou seja, a origem de tudo, o ser humano muitas vezes, pela falta de conhecimento atribui a origem do acontecimento ao acaso, mas seria um contra-senso, porque o acaso é cego e não pode produzir os efeitos da inteligência.
Buscar a causa da fome da menina no desamor, injustiça ou barbárie é interromper um ciclo, pois mesmo estas coisas possuem uma causa e ela se encontra na Justiça Perfeita de Deus.
“Deus dá a cada um de acordo com suas obras”, ou seja, cada um recebe de acordo com seu merecimento. A falta de alimentação é causada por Deus (Causa Primária), mas alcança especificamente aquela menina porque é o justo que ela merece.
Crer no Deus Onipotente que comanda os acontecimentos do universo e ao mesmo tempo encontrar injustiça é querer saber avaliar melhor do que o Pai o merecimento de cada um.
Até aqui chegamos muito facilmente neste nosso raciocínio sobre Deus e, conseqüentemente, sobre a fé. Isto porque muitas verdades humanas foram preservadas. A partir de agora, no entanto, será necessário vencer o mundo, ou seja, falsas verdades que fazem parte da cultura da humanidade.
Se Deus dá a fome, os valores humanos apontam o Pai como um sádico (que se diverte com o sofrimento alheio) ou como alguém insensível, ou pior, sem amor.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

SABEDORIA E LOUCURA


Que ninguém se engane. Se algum de vocês pensam que é sábio conforme a sabedoria humana, então precisa se tornar louco para ser de fato sábio. (Capítulo 03 – versículo 18) 

Muito interessante este trecho: você precisa ser maluco para se tornar um sábio espiritual. Deixe-me falar um pouquinho disso.
A sabedoria espiritual não tem nenhuma lógica material. Ela não contempla nenhuma lógica material. Sendo assim, é preciso entendermos que para alcançá-la não podemos ficar presos às regras do mundo.
Lembra que antigamente vocês diziam assim: 'nós estamos na carne e precisamos seguir as regras da sociedade'. Não, não precisam. Mais: se seguirem, continuarão sem alcançar a sabedoria espiritual.
Sei que vocês consideram sábio aquele que conhece as leis materiais e as regras da sociedade, mas Paulo está nos deixando muito claro que você para poder ser um sábio de verdade, dentro do sentido espiritual tem que ser louco, ou seja, não deve seguir nenhuma lei material. Enquanto estiver preso e atado a estas leis não conseguirá a elevação espiritual.

APONTAR ERROS


Participante: o problema, então, é apontar o erro dos outros?

A humanidade que você está vivendo está se pronunciando agora ao colocar o outro nesta questão. Reforma íntima é algo que deve ser feito por e em você. Isso não tem nada a ver com o outro...
Sendo isso verdade, o problema nunca não está na forma como você age com o outro, mas sim na forma como age consigo mesmo. O problema para quem quer buscar a elevação espiritual nesta encarnação está em defender os seus interesses e não em atacar o do outro. Por que isso? Porque esta defesa é a utilização do egoísmo.
O egoísmo não tem nada a ver com o outro ou com qualquer elemento deste mundo. Tem a ver com a forma como você age com o seu conjunto de conceitos. Agindo defendendo-o, agiu egoisticamente; se age atacando-o, também está agindo de uma forma egoísta, pois este seu ataque é a defesa de uma nova verdade.
Este aspecto é fundamental para quem harmonizar-se com o mundo. Isso porque a sua ação de reformar-se deve se concentrar em observar a forma como você relaciona-se com suas verdades e não com o que o outro faz. O que ele faz pouco importa: o que interessa é saber como você vai se relacionar com o pensamento que surgir naquele momento. Se defendê-lo, ou seja, disser que ele está certo, agiu egoisticamente; se disser que ele está errado, da mesma forma defendeu uma verdade: a verdade que deve se harmonizar com o mundo.
A neutralidade que demonstra a harmonização se dá quando apenas constata que pensou de um jeito e não quando tem um pensamento neutro com relação ao outro. Você tem todo o direito de pensar que ele está errado: o que não tem é o direito de achar que este pensamento está certo ou errado.
Aquilo que você pensa faz parte do mundo com o qual precisa se harmonizar, pois é o cabeçalho de sua provação. Aliás, na verdade, a sua provação é o fato de pensar desta ou daquela forma e não o que os outros fazem.
Cada vez que alguém pratica uma ação na sua frente, espontaneamente lhe surge um pensamento concordando ou discordando com o que está acontecendo. É neste momento que sua provação começa e não quando a ação foi praticada por outro ou por você. É neste momento que precisa haver a harmonização e ela é alcançada quando se consegue a neutralidade com relação ao que foi pensado. Ou seja: ‘eu pensei isso, mas não sei se este pensamento é certo ou errado’.
Repare que a harmonização que estou falando é muito mais fácil do que vocês estão imaginando. Não se trata de ter que engolir sapos (aceitar o que o outro faz) nem de fazer o que ele quer. Você pode até ter pensamentos de revolta com o que o outro está fazendo: o que não pode é acreditar nesta revolta. O que não pode é aceitar que aquela revolta é real, verdadeira, certa ou errada.
A sua desarmonia não se caracteriza pelo que o outro faz nem pela forma como você reage mentalmente ao que aconteceu, mas sim pela sua relação com o que é pensado. Não agindo de forma neutra com relação ao que o pensamento cria, estará em desarmonia com o momento, mesmo que não critique o outro.
Enfrentar seus pensamentos: esta é a única batalha que o espírito tem durante a encarnação. Ele precisa estar o tempo inteiro atento ao que os pensamentos dizem para não corroborar com eles, pois se assim o fizer, estará agindo egoisticamente.
Há tempos atrás disse que a mente não é egoísta. O egoísmo não está nela, mas em você, no espírito que encarna. Como falei agora pouco, se você está encarnado num mundo de provas e expiações é porque o seu estágio de evolução espiritual se caracteriza pelo fato de querer defender seus interesses, pois acha que sabe, acha que suas informações são verdades absolutas.
Todo pensamento é formado a partir destas verdades. Quando, por exemplo, acredita que existe um lugar certo, dá valor de absoluto a um determinado lugar, o seu pensamento será formado a partir desta informação. Mas, isso não quer dizer que ele é egoísta: ele é apenas uma provação.
A prova consiste-se sempre em usar o não o egoísmo, ou seja, em defender o não o que o pensamento diz. Defendendo-o, acreditando no que ele fala, foi você que agiu egoisticamente e não o próprio pensamento. É por isso que disse que a neutralidade precisa ser conseguida entre você e o que está sendo pensado e não entre você e o que o outro fez.
Esta é a verdadeira harmonia. Ela existe quando você atinge a neutralidade com relação àquilo que o pensamento lhe afirma. Quando o segue, seja elogiando ou criticando o que está acontecendo, viveu egoisticamente e com isso se desarmonizou.
Portanto, saiba de uma coisa: o que você pensa não é certo nem errado. Tudo o que o pensamento lhe afirma que está acontecendo, o que ele diz que é certo ou errado, é bonito ou feio, bom ou mal é apenas o cabeçalho de sua provação. Quando esta informação lhe chega você tem a oportunidade de agir egoisticamente (defendendo o que é pensado) ou de optar em permanecer neutro. Neste caso venceu a batalha desta vida: superou a o egoísmo, pois se libertou de um saber.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

RESPEITE O DESRESPEITO


Participante: mas, se o outro não nos respeitar?

O que é o desrespeito ao outro? A defesa do seu direito. Isso é egoísmo puro...
Quando você vive um momento em que se sente desrespeitado pelo outro, na verdade está defendendo um direito seu. Aquela outra pessoa não está lhe desrespeitando, mas defendendo um direito dele que você atacou anteriormente, mesmo que este ataque não tenha sido verbalizado. Vou dar um exemplo para ficar mais claro...
Continuemos com o exemplo do copo. Digamos que você encarou como desrespeito o fato da pessoa colocar o copo em um determinado lugar. Mesmo que você não verbalize a crítica contra o lugar onde está o copo, o simples fato de pensar que ele agiu errado já se constitui um ataque ao direito dele. Não é preciso transformar em palavras a sua desarmonia: se você simplesmente não harmonizar-se com o momento mentalmente, está atacando o outro.

Participante: mas se eu mudar o lugar do copo como o senhor sugeriu não estarei desrespeitando-o?

Não... Para compreender o que estou dizendo precisamos relembrar algo que já comentei.
Vocês acreditam que a vida é a sucessão de minutos que se transformam em dias, horas, meses e anos. Mas, isso não é verdade. A vida dura apenas uma micro fração de tempo que chamamos de presente. Quando um presente acaba ele chama-se passado. O passado não existe, pois é um presente que já se acabou. Quando o presente ainda não chegou, ele se chama futuro e como ainda não está presente, ele também não existe.
A vida é apenas o momento presente. É nela que você tem que promover a sua reforma íntima, ou seja, é durante cada momento presente que deve buscar harmonizar-se com o que está acontecendo.
Sendo assim, no momento que você viu o copo num lugar está vivendo um presente: harmonize-se com o que está acontecendo. No momento em que pensar que deve colocar o copo em outro lugar, estará vivendo outro presente: harmonize-se com esse. Quando movimentar o copo estará em outro momento: harmonize-se com ele...
Isso é a reforma íntima: a vida foi correndo, os momentos se sucedendo e em cada um deles foi se harmonizando com o que está acontecendo.
Se no momento em que viu o copo achou que estava errado, você se desarmonizou. Se no momento em que decidiu mudar o lugar do copo o fez porque acha que ele vai ficar melhor no outro lugar, novamente não se harmonizou. Se no momento em que o colocou no novo lugar achar que agora ele está no lugar certo, desrespeitou o direito do outro e, por isso, não conseguiu a harmonia. Para viver harmonicamente com cada minuto do nosso exemplo, ao ver o copo fora do lugar deve apenas constatar o lugar que ele está naquele lugar; quando decidir mudar o lugar, deve apenas constatar esta vontade; quando o colocar no novo lugar, deve apenas observar que ele está agora em outro lugar.
Esta é a reforma que acontece a cada momento. Apenas mudando o copo de lugar ainda estaria sofrendo, pois ainda viveria com a idéia dele estar num lugar errado. Quando o transferisse de local continuaria a defesa de seus interesses porque estava transferindo-o porquê acha que isso é o certo que deve ser feito. Finalmente continuaria vivendo o prazer de ver o que você queria aconteceu. O mesmo pensamento se aplica à idéia de deixar o copo no lugar.
Entendeu a reforma? Para realizar a reforma íntima a sua preocupação não deve estar concentrada no que é feito pela ação, seja a sua ou a do próximo. A sua única preocupação deve ser evitar os motivos que o leve a vivenciar o prazer ou o pesar. Achar que o copo está fora do lugar o leva ao pesar, portanto não deixe seu conceito servir de parâmetro para avaliar o que está acontecendo. Achar que colocou o copo no lugar certo ou que foi certo deixá-lo onde está lhe leva ao prazer de ter feito o que quer.
Para se reformar, evite ver os acontecimentos desta forma. Ao invés de agir motivadamente, acha apenas por agir. Para isso elimine toda motivação que a mente criar para a ação, mesmo que ela seja a de fazer a reforma íntima.
Para poder se harmonizar com os acontecimentos do mundo é necessário que você esteja livre de qualquer motivação. Se ela existir, o prazer sempre estará presente quando ela for alcançada e o pesar quando não. Por isso Krishna afirma que um dos elementos necessários para se alcançar a evolução espiritual é não ter intencionalidades.
Se você ao me ouvir acredita que o certo é harmonizar-se com o mundo, certamente gerará a intenção de harmonizar-se. Com isso, quando conseguir o que viverá será o prazer de ter feito o que queria e com isso estará desarmonizado. Quando não conseguir, viverá o pesar e a dor da culpa de não fazer o que você acha que deveria ter feito. Novamente não se harmonizou.
Para que a harmonia exista é necessário que você viva todos os momentos da vida sem motivação. É constatar o que está acontecendo simplesmente e não ter um objetivo a ser alcançado a cada momento, mesmo que este objetivo seja colocar em prática aquilo que está ouvindo agora.
Você pode fazer o que quiser: a única coisa que não pode é deixar o que faz estar preso a um querer humano, ou seja, a um desejo de realização de ação. Se você passa a querer usar o egoísmo em favor de sua elevação espiritual, acabou de criar um conceito e quando conseguir praticar esta ação, viverá o prazer e não a equanimidade.
O segredo para colocar o egoísmo a favor da sua elevação espiritual está justamente em não transformar esta busca como uma obrigação, como um dever, algo certo de ser feito. Ela deve ser feita de forma espontânea e não como resultado de uma intenção. Por isso a sua pergunta que originou esta nossa conversa (devo fazer o que o outro quer) não está de acordo com o processo de reforma íntima.
Se você deixa o copo no lugar que ele está motivado em atender os interesses do outro, na verdade está fazendo por causa do seu novo interesse: alcançar a harmonia. Isso de nada adianta, porque ainda está defendo o que agora acha certo.

CULPA E SOFRIMENTO


Tem muitas pessoas que se culpam por suas ações durante a existência carnal. Algumas já vieram até conversar comigo sobre isso... Eu nunca as acusei de nada...
Sempre disse a elas que não me importava com o que faziam, mas sempre demonstrei preocupação com a capacidade de sofrer que tinham ao vivenciar o “errado” que viam nelas ou nos outros durante as ações. Ou seja, com o sofrimento por conta da culpa que imaginavam ter.
A culpa não pode existir porque as pessoas nada fazem de errado. Tudo o que todos fazem, independente da classificação que se dê, é o amor de Deus em ação. As pessoas não agem: são instrumento de Deus para a propagação do Amor a todos.
O problema, no tocante a elevação espiritual, não está no que fazem, mas no que sentem enquanto servem de instrumentos ao Senhor, Ou seja, o problema está na forma como retribuem a indicação para servirem de propagadores do Amor.
Por isso, se brigar com alguém, não sofra. Tenha a consciência de que se fez isso foi porque tinha que fazer, porque Deus lhe confiou esse trabalho. Não fique racionalizando posteriormente aquele momento investigando o certo e o errado. ;Não se preocupe com o que fez e nem com os acontecimentos futuros que poderão advir do que aconteceu. Não fique se acusando por ter participado daquela ação como um suposto agente dela.
Interpenetrar o Universo é viver a realidade. Esta é dinâmica, ou seja, se altera constantemente. Se discutiu com uma pessoa num determinado momento, esse já acabou. O momento presente é outro. A pessoa com quem discutiu já não está nem mais presente à sua frente. Então, para que ficar racionalizando e se lembrando do que aconteceu?

quarta-feira, 17 de julho de 2019

COBRAR PELO TRABALHO MEDIÚNICO


Participante: gostaria de fazer uma pergunta. Não sei se é pertinente ou não, mas eu noto que por causa da minha criação ainda sinto um certo preconceito a respeito de dinheiro e finanças. Por causa disso, tem um assunto que sempre tive algumas dúvidas e gostaria de saber o que o Pai Joaquim tem a dizer a respeito. É certo ou errado o espírito encarnado, homem, cobrar por ajudar alguém? Falo mais especificamente do trabalho do Gasparetto. Para mim foi extremamente útil ter acesso a este trabalho porque me levou a um caminhar mais leve na vida, livre de crenças nocivas e preconceitos, os chamados “tem que”. No entanto, confesso que tenho certo preconceito pelo fato dele cobrar e oferecer serviços e cursos. Seria muito importante saber esta resposta porque creio que outros, na verdade muitos, tenham a mesma duvida que eu, embora acredite que poucos tenham coragem de admitir.

Você me faz uma pergunta – será que é lícito a um ser encarnado cobrar para usar em prol de alguém o dom que Deus lhe dá?  - mas, também me dá a resposta a ela. Isso acontece quando me diz que aprendeu com esse médium que nada tem que ser, que nada é obrigatório.
Se aprendeu que é preciso se libertar do tem que ser de alguma forma para poder ser livre, aplique isto agora. Médium encarnado tem que fazer de graça? Não. Por quê? Porque ele não tem que nada. O médium encarnado tem que cobrar? Não, porque ele não tem que nada.
Veja, sua dúvida que tanto está lhe causando mal, é sem motivo. Você mesmo tem a resposta para ela. Esta resposta está naquilo que diz que aprendeu com este médium, mas que não aplica ao fato pelo qual, como você mesmo diz, tem preconceito.
Isso é normal no ser humanizado. Ele diz que aprendeu alguma coisa, mas aplica o que foi aprendido apenas naquilo que quer, apenas para aquilo que vá lhe trazer alguma vantagem. Se a aplicação do que foi aprendido lhe fizer ter que perder alguma coisa, nem que seja um preconceito, a mente humana não utiliza o ensinamento.
Existem médiuns encarnados que cobram, existem outros que não. Tanto de um lado quanto de outro existem grandes trabalhos sendo feito. Além disso, tanto em um grupo quanto no outro existem espíritos encarnados que estão vivendo o papel de médium que aproveitam a oportunidade da encarnação assim como outros que não aproveitam.
Você precisa entender o seguinte: uma coisa é o trabalho de um médium; outra é a forma como o espírito que está vivendo o papel de médium vive. Vou tentar explicar isso.
Neste momento eu estou lhe respondendo uma pergunta. Enquanto faço isso vivo minhas provas, mas também sirvo como instrumento para lhe levar algo que vai se constituir numa prova sua. Não importa como eu esteja me comportando, o meu discurso jamais será alterado pelo meu comportamento. Se o meu discurso, a orientação que eu lhe passo, pudesse ser alterado pelo meu comportamento, eu poderia levar a você algo que você não merecesse e nem precisasse. Neste caso, estaria acontecendo uma injustiça e um desamor à você. Se isso pudesse acontecer, Deus não seria nada nesse universo.
Essa é a primeira coisa que você precisa entender: o discurso do médium, seja incorporado ou não, é sempre aquele que quem está à sua frente naquele momento precisa e merece receber. Jamais nenhum médium, incorporado ou não, vai fazer para alguém algo que não esteja previsto acontecer na encarnação do espírito que recebe a ação.
Agora, enquanto o médium esta discursando, ele está vivendo a prova dele. Nesse aspecto, me desculpe, mas você não tem nada a ver com isso. Se ele está pedindo dinheiro ou se ele não está, se ele interiormente acha que tem que cobrar ou não, isso é entre ele e Deus. Como dizia um texto da Madre Tereza de Calcutá: no fundo, no fundo é tudo entre você e Deus. É tudo entre o ser que está vivendo aquela personalidade humana e Deus.
Portanto, não se preocupe com o que qualquer um faz. Não perca seu tempo querendo julgar se o médium que cobra é bom ou mal, se está certo ou errado. Sim, apesar de achar que você já superou a questão do certo e errado, o que está fazendo agora é um julgamento. Pior: está querendo que eu endosse seu julgamento para que você se considere certo. Isso eu jamais vou fazer.
Posso falar de forma genérica, mas nunca específica. Posso dizer que acho que médium não deve cobrar, mas não é por isso que vou julgar este ou aquele médium.
Não perca tempo com esse julgamento. Ouça, quando ouvir, o que qualquer médium tem para lhe dizer, porque isso é aquilo que você precisa ouvir. Agora, a relação dele com Deus, ou seja, se ele acha obrigatório cobrar ou não, isso você não tem nada a ver. Por isso lhe aconselho a não perder seu tempo com isso.
Deixe-me só completar este assunto com uma história. Lembro uma vez, logo no início do nosso trabalho quando ainda não tínhamos passado todas as informações que hoje estão disponíveis, que uma pessoa me perguntou sobre os pastores das igrejas evangélicas. Eu falei que os pastores tinham discursos muito bonitos que ajudavam as pessoas a trabalharem a sua entrega a Deus. Essa pessoa, então, me disse: ‘mas, eles pedem dinheiro, eles roubam dinheiro’. Eu respondi: ‘isso é entre o pastor e Deus; não se intrometa’.
Agora acabei de lhe dizer a mesma coisa: se o médium cobra ou não, isso é entre o médium e Deus; não se intrometa.


CARACTERÍSTICA PRIMÁRIA DA REFORMA ÍNTIMA


Realizar a reforma íntima não é frequentar cultos, orar, estudar, assumir posição de guia, trabalhar com a mediunidade, fazer a caridade material, buscar o místico, conferir super valores a elementos deste mundo. O que é então?

O que eu quero dizer é isto: deixem que o Espírito de Deus dirija as suas vidas e não obedeçam aos desejos da natureza humana. Porque o que a nossa natureza humana deseja é contra o que o Espírito quer, e o que o Espírito quer é contra o que a natureza humana deseja. Os dois são inimigos, e por isso vocês não podem fazer o que querem. Porém, se é o Espírito que guia vocês, então, não estão debaixo da Lei. (Gálatas, 5, 16 e 17).

Paulo nos afirma que o que a natureza humana quer é contra o que o espírito quer. Mas, não foi só Paulo que disse isso. Cristo também ensinou que não se devem amealhar bens na Terra, mas sim no céu. Os demais mestres também ensinaram que a natureza humana é contrária à espiritual.
Essa informação, portanto, é importante para o espiritualista, pois deixa claro o que precisa ser reformado: a natureza humana que o espírito vive durante a encarnação. Esse é o trabalho que precisa ser realizado pelo ser durante a vivência dos acontecimentos do mundo humano. Por quê? Porque quem vive a existência carnal preso à natureza humana é movido pelas paixões determinadas por ela.
Sei que acham que os anseios humanos são idênticos aos do espírito liberto da materialidade, mas isso não é real. Aquilo que o ser universal almeja quando encarnado nada tem a ver com aquilo que acreditava importante conseguir antes.
Em O Livro dos Espíritos Kardec pergunta se não seria natural que o espírito ao encarnar escolhesse para si apenas situações prazerosas. Em resposta, o Espírito da Verdade diz o seguinte:

“Pode parecer-vos a vós; ao Espírito não. Logo que este ser se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar”. (pergunta 266)

Os anseios do espírito liberto da carne são diferentes daqueles que estão apegados à natureza humana. Quando liberto, a sua única preocupação é ter todas as oportunidades para realizar a reforma e aproximar-se de Deus. Quando vivendo de acordo com a humana, o ser sonha em realizar seus desejos materiais, em conseguir conquistas humanas. É por conta dessa diferença de ânimo, que cessa logo que o espírito desencarna, que Paulo e todos os mestres disseram que ela é contrária à espiritual.
É exatamente por causa dessa divergência de desejos que a natureza humana torna-se contrária àquilo que o espírito quer. É por isso que precisa ser combatida.
Isso é o que caracteriza o trabalho da reforma íntima.

terça-feira, 16 de julho de 2019

ORGULHAR-SE DA CRUZ


Vejam com que letras grandes estou escrevendo com a minha própria mão. Os que querem se mostrar e se elogiar, esses é que estão forçando vocês a se circuncidar. Eles fazem isso somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Pois nem mesmo os que praticam a circuncisão obedecem à Lei. Porém eles querem que vocês se circuncidem para poderem se gabar de terem colocado esse sinal no corpo de vocês. Eu, porém, me orgulharei somente da cruz de Jesus Cristo, o nosso Senhor. Porque, por meio da cruz, o mundo está morto para mim, e eu estou morto para o mundo. Não faz nenhuma diferença se alguém é circuncidado ou não; o que importa é ser uma nova pessoa.


Paulo fala em “se orgulhar da cruz de Cristo”, mas o que será que quer dizer com isto. Este deve ser um aspecto importante para o apóstolo, pois ele é muito categórico com relação a isto. Vamos entendê-lo.
Orgulhar-se da cruz de Cristo é ter orgulho da situação negativa da sua vida. É se orgulhar de estar passando por situações difíceis, ou seja, de estar cumprindo o objetivo da encarnação: realizando suas provas.
É este orgulho que Paulo sente. O orgulho de ter sido agredido, caluniado. De, às vezes, não ter tido um grão de comida para comer, por exemplo.
Quando para você os momentos chamados de negativos forem um motivo de orgulho ao invés de sofrimento, quando eles lhe encher de felicidade por entender que Deus confia em você e, por isto, está lhe dando a oportunidade de elevação, só neste momento conseguirá entender a consciência amorosa que Paulo nos ensinou nesta carta.
Quando você compreender e se orgulhar da confiança que Deus está depositando em você, espírito, para poder lhe dar estas situações. Quando entender que esta confiança se baseia na compreensão que o Pai tem sobre a sua capacidade de passar por elas sem chorar, entenderá o que Paulo e eu quisemos dizer neste estudo.
Quando você se orgulhar de Deus estar tirando a sua comida porque acredita e confia em você, poderá, finalmente, libertar-se da sua humanidade e viver a sua espiritualidade.
É isto que Paulo está nos falando quando diz que devemos nos orgulhar da cruz de Cristo: se orgulhar das perseguições, dos xingamentos, de ser caluniado, do outro vencê-lo. E ele não está falando isto porque acha, mas porque compreendeu o ensinamento de Cristo nas Bem-Aventuranças.
No entanto, o apóstolo diz: eu tenho este orgulho porque para mim as coisas do mundo morreram. O que é as coisas do mundo morrerem para você?
É não ter mais paixões que precisem ser contentadas pelos desejos. Paixões que são geradas pela submissão a códigos de normas que determinam o “certo” e o “errado”. Quando isto ocorrer, você não estará mais vinculado às coisas do mundo, mesmo vivendo encarnado. Alcançando a consciência amorosa, as coisas do mundo não serão mais condicionamento à sua felicidade.
Na hora que isto for realidade, ou seja, quando você aprender a viver com o que tem sem desejar mais nada (e olhe que eu não estou falando apenas de objetos, mas de sentimentos, de razões, de tudo isto), neste momento viverá para o espírito e poderá, então se orgulhar da confiança que Deus deposita em você.
Isto não lhe levará ao fim da encarnação, mas com certeza transitará entre as coisas do mundo sem estar preso a elas. Este é um ensinamento de Krishna que diz que o sábio elevado transita entre as coisas sem prender-se a elas. E Paulo, o ecumênico porque entendeu a Cristo, está citando este ensinamento também.
Quando o apóstolo afirma que as coisas do mundo morreram para ele não está querendo dizer que aprendeu a viver sem comer, mas que não se prendeu ao saciar a fome para ser feliz. É isto que você precisa aprender (a não depender das coisas do mundo para ser feliz) e por isto Deus lhe dá as carências.
Veja bem uma grande contradição. O ser humanizado se acha tão inteligente, tão poderoso, mas se não houver um grão para alimentar-se não sabe como viver.
Imagine se Deus não produzir mais feijão e arroz, como o ser humanizado viverá? Não conseguiria. Então, que poder é este que o ser humanizado tem. Ele é prisioneiro, é escravo das coisas do mundo.
Observação: Uma história que narra esta dependência do homem de Deus e a pretenso poder e liberdade que ele imagina ter é a seguinte.
Conta-se que os cientistas, após descobrirem a clonagem humana, reuniram em uma conferência e chegaram à conclusão que não mais precisavam de Deus para nada, pois o último segredo havia caído. Decidiram, então, pedir que o Pai se afastasse da humanidade.
Mas, para isso seria preciso que alguém comunicasse a decisão a Deus. Ninguém se oferecia para tal empreitada até que um dos presentes se prontificou.
Ele então chegou até o Pai e disse: Senhor, a humanidade já conhece todos os segredos da Criação e, portanto, acha que não é mais preciso a Sua presença.
Deus ponderou e respondeu: está certo. Mas, como prova de consideração por todo este tempo que criei para vocês, será que me concedem uma última chance? Façamos uma disputa entre Eu e vocês. Se ganharem, me retirarei.
O cientista então quis saber que disputa e Deus disse: façamos um homem. Se fizerem mais rápido e mais perfeito que Eu, sumirei das vistas da humanidade.
Isto vai ser fácil, pensou o cientista acostumado a clonar seres humanos. Correu até o laboratório, pegou uma célula e voltou à presença do Pai. Estou pronto, disse ele.
Mas Deus contrapôs: com minha célula, não. Crie primeiro a sua.
E você acha este elemento inteligente e poderoso? Inteligente é libertar-se de tudo isto, não depender das coisas materiais, ou seja, saber viver feliz com ou sem os elementos materiais. Poderoso é aquele que compreende que apenas Deus cria e submete-se à Causa Primária sabendo que ela é oriunda de uma Justiça Perfeita e de um Amor Sublime.
Quando você liberta-se das coisas materiais prova a sua inteligência, porque foi diferente dos outros. Mas enquanto for igual a todos seres humanizados, ou seja, ser feliz quando ocorrer apenas o que acha “certo”, que contemple o que deseja, só está provando a sua fraqueza, a sua incapacidade de viver.
O homem tem medo do “fim do mundo” porque acha que neste tempo acabarão os elementos do mundo e não saberá viver sem eles. Mas, o espírito saberá. Aquele que viver para as coisas de Deus saberá viver e conviver com um mundo estéril de elementos materiais.
É eu acho que não vale muito a pena lutar para ser humano. Acho que seria muito mais lucrativo lutarmos para nos libertar da nossa humanidade, não acha?

NO CENTRO DE UMBANDA


Participante: Como devemos nos portar quando vamos a um centro de umbanda, por exemplo? Eu vou pedir uma bênção, uma limpeza da aura ou um abraço da entidade. Outros vão pedir coisas como amor emprego, etc.

Para entender como devemos nos portar com um espírito desencarnado, vejamos como devemos nos portar com outro ser humanizado que, afinal de contas, é também um espírito.
Quando você vai à casa de outra pessoa fazer uma visita o que faz? Entra, cumprimenta, troca amabilidades, bate papo e vai embora, não é isto? Ir à casa do outro para pedir favores pessoais é sempre desagradável, não?
É a mesma coisa da sua pergunta. Quando você vai a um centro espírita deve ir com a mesma intencionalidade da visita a seres humanizados: rever os amigos que ali estão. Além disso, você deve ter ainda uma intencionalidade maior que, aliás, também deveria estar presente na sua visita à casa de amigos: religar-se a Deus.
Qualquer relacionamento, mesmo que fora do “terreno sagrado”, é uma boa oportunidade para se religar a Deus, ou seja, para amar. Portanto, quando for à casa de alguém não esqueça de acrescentar em seus objetivos também o amar ao próximo e não vá apenas buscando o prazer.
Mas, voltando à sua pergunta, ir à casa dos outros para pedir alguma coisa é sempre uma situação de constrangimento, pois pode ser que eles “batam a porta na sua cara”. Da mesma forma, ir a um centro espírita (ou a uma igreja, templo, etc.) apenas para pedir, se corre o mesmo risco.
É isto que nós precisamos começar a entender. Cristo ensinou assim: quando orar não peça nada, pois o Pai sabe melhor do que você o que precisa. Então, a oração tem que ser uma união sentimental com Deus e não um momento de recitação de uma lista de pedidos.
Esta seria a resposta à sua pergunta. Mas, me permita mais um adendo para não fugirmos ao tema desta conversa.
Se você vai ao centro espírita com amor no coração, ou seja, apenas para visitar as entidades, vá. Agora, se o outro vai pedir, deixe-o ir. Não deixe que o ego lhe tente a criticar o próximo porque ele assim age.
Veja bem: o problema é dele e não seu. Não queira julgá-lo por utilizar o seu livre arbítrio e ceder à tentação aprisionando-se à paixões e desejos.
O problema é dele porque será ele que se iludirá imaginando que, apenas porque desejou, Deus terá que dar. Você sabia que é quando o ser humanizado se deixa ser movido por esta intencionalidade (ganhar o que deseja) que começam todos os problemas de relacionamento com Deus?
Repare. Como Cristo ensinou, Deus sabe o que precisamos melhor do que nós mesmos e por isso Ele não se submete aos nossos pedidos. Aquele homem, portanto, que não compreendeu a consciência amorosa e pediu, poderá não alcançar o seu desejo.
Quando isto acontecer acusará a entidade e irá procurar outra naquele centro. Deus novamente não se submeterá e ele então acusará o próprio centro e irá procurar outro.
Continuando a não receber o que deseja, acusará a religião, no caso a Umbanda, e trocará de religião. Este processo avança até que o homem se desacredita de Deus.
Mas, do fato dele afastar-se do Pai o culpado não foi a entidade, o centro, a religião ou o próprio Deus, mas o homem que apenas pensou em si mesmo. Ele afirmava que ia falar com aquela entidade para encontrar Deus, mas isto não é realidade, pois sempre objetivou alcançar aquilo que queria (intencionalidade)

CRUCIFICAR A NATUREZA HUMANA


Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a sua própria natureza humana, junto com todas as suas paixões e desejos. Que o Espírito que nos deu a vida, controle também a nossa vida. Não devemos ser orgulhosos, nem provocar ninguém, nem ter ciúmes uns dos outros.


O recado de Paulo é muito direto: crucifique a natureza humana. Crucifique as suas paixões, desejos, vontades, padrões de “certos” e “errados”, “bonitos” e “feios”, “limpos” e “sujos”.
Crucifique tudo isto, mate tudo isto, porque enquanto estes padrões humanos estiverem ativos em você sua existência será guiada pela natureza humana, pela glória material, pela felicidade material. Só quando se libertar de tudo isto poderão ser guiado conscientemente pelo Espírito que lhes deu a vida.
Deixe-me dizer algo importante: você é espírito antes, durante e depois da encarnação. Não há quebra de continuidade da existência espiritual porque o ser universal vive uma encarnação.
Esta ideia surgiu de um termo que foi utilizado em “O Livro dos Espíritos”. Lá o ser humanizado é chamado de alma, termo que possui radical diferenciado de espírito. No entanto, isto não existe. É por isso que para mantermos acessa a ligação do ser com o homem preferimos chamá-lo de ser humanizado.
O ser universal continua existindo durante a encarnação com todas suas realidades. Ele apenas está humanizado (ligado a outro tipo de consciência que chamamos de ego), mas não deixou de ser um espírito. Utilizando-se o termo “alma” para definir o ser humano, a presença do espírito, do ser universal, fica difícil de ser compreendida.
É o espírito que está “vivendo” a vida carnal e não o ser humano ou a alma. Isto fica bem claro quando o Espírito da Verdade ensina que sem a união do espírito com a carne, não há vida, intelectualidade.
Veja bem. Neste planeta já foram feitos doze clones humanos. Só que eles são apenas corpos, mais nada. Permanecem deitados em uma maca sem participar da vida, sem viver.
O corpo funciona através dos aparelhos, mas não há inteligência para fazê-los se movimentar, para terem ações inteligentes. Isto porque não há inteligência (espírito) ligado a esta massa carnal.
Desta forma, não podemos dizer que a vida começou porque houve um processo biológico que criou o homem, mas ela só existe a partir do momento que Deus une o espírito à massa carnal. É isto que Paulo nos ensina, muito antes de sequer imaginar conhecer o espermatozoide ou o óvulo, que dirá a clonagem.
A vida, portanto, é um dom divino, algo criado por Deus para servir ao espírito e não ao ser humanizado.
Sendo assim, podemos afirmar que a vida não é para ser “aproveitada” pelo ser humanizado (gozar os prazeres através da satisfação de suas paixões), mas sim pelo espírito, purificando-se e esclarecendo-se. Mas para isto, é preciso que ele aceite submisso às provas que a vida contêm para alcançar a meta que lhe foi assinada.
Então veja: você só está “vivo” porque é espírito e está na carne para chegar progressivamente à perfeição, conhecendo à verdade. Como conhecê-la se você como ser humanizado acha que já sabe tudo, que conhece tudo que é “certo” e “errado”?
Portanto, você já é espírito, mas precisa se desligar das verdades relativas (temporárias e individuais) que criou e com elas formou o seu ego pelo qual se apaixonou a ponto de dizer que é você, para poder aproveitar a oportunidade que Deus está lhe dando para alcançar à perfeição.
É por isto que Paulo nos alerta: crucifique a sua natureza humana para que o Espírito que nos deu a vida a controle. E, se Deus é por nós. Quem poderá ser contra?
Na hora que Deus controlar a sua vida, não haverá mais medo, sofrimento ou injustiça, pois estas sensações serão substituídas pela compreensão da ação do Amor Sublime e da Justiça Perfeita.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

MONTANHA RUSSA EMOCIONAL


Participante: tive um desentendimento com um parente e até hoje não nos relacionamos. Fiquei com muita raiva dele e sempre que o encontro ela se pronuncia. Sinto a raiva até o momento que perco o contato com ele. Só que depois que isso acontece, automaticamente me cai uma culpa. Me arrependo por ter vivido essa emoção com a presença dele. Fico pensando porque não evito a raiva quando ela vem. Como agir diante dessa montanha russa de emoções?

Salve!
Deixe-me dizer uma coisa. Já por diversas vezes tenho dito o seguinte: na hora da ação, não há como o ser controlar a mente. Não há como se afastar dela, deixar de dizer o que ela diz. Essa é uma regrinha básica para o trabalho da vivência da paz. Porque isso? Porque aqueles que ainda estão presos a agir de determinada forma querem alterar alguma coisa que está sendo vivida, e isso é impossível.
A ação de libertação da criação da mente se dá depois do ato ocorrido. Ela acontece quando em meditação, pensando os próprios pensamentos, não aceita o que foi proposto.
Este é o primeiro grande detalhe. Ele é importante para nossa conversa porque na sua pergunta inteira só me falou de atos, de ações.
Você poderia me dizer que isso não é verdade, porque me falou em sentir raiva. Acontece que esta raiva que está sendo sentida não é sua. Ela faz parte dos três mundos que o espírito vivencia enquanto humanizado: o da ação, da razão e da emoção.
Todo o processo mental que relatou na sua pergunta ainda é cabeçalho da sua questão e não resposta sua. Este é o primeiro detalhe que precisa se atentar.
Pelo que posso entender da sua pergunta, quer arrumar um jeito do seu parente. Só que isso é impossível, pois quem está sentindo essa emoção com relação a ele não é você, mas a personalidade humana. Ela precisa ter esta emoção e por isso ela precisa existir.
Para que ela precisa viver essa emoção? Para que você possa se libertar dela. Só que quando houver essa libertação, essa ação não acabará com esta emoção, com a raiva que está na personalidade. O único resultado da sua ação será não viver a raiva que existe na mente. Ela nunca levará ao fim da própria raiva.
Este é o primeiro detalhe desta questão. Deve haver uma compreensão de que tudo o que me foi relatado e que você vive não há nada a ser feito para alterar essa série de acontecimentos. É preciso que seu parente apareça, que a raiva surja dentro de você para só depois que isso acontecer possa agir. Como se age neste momento? Repense o que aconteceu e repare que a sua personalidade humana colocou a emoção raiva num momento e decida não vive-la.
Só que você me relata mais do que viver a raiva. Afirma que logo depois que o seu parente vai embora surge uma nova emoção que lhe cobra o não ter feito mudanças sobre o que sentiu.
Quem é que está lançando esta questão? Será que é algum espírito fora da carne querendo lhe ajudar? Não, é a sua própria personalidade humana quem lhe dá essa ideia e ao fazer isso já lhe dá uma nova provação, ou melhor, colocando a única prova que sempre esteve presente: a culpa.
Na verdade, a emoção referente à presença do seu parente só existe na personalidade humana para que você, que já ouviu que não deve sentir raiva de ninguém, possa optar entre sentir-se culpado ou não. É por isso que a emoção que surge frente à presença do seu parente não pode mudar. Mais: não precisa ser mudada.
É aqui, depois que todo processo acabou – a presença, a raiva, o ir embora e o sentir-se culpado por não ter mudado – é que precisa haver uma ação. Ela deve ser contra o sentir-se culpado por não ter colocado em prática os ensinamentos.
A sua ação de libertação não precisa existir contra a raiva. Se fosse contra ela que devesse agir, não haveria posteriormente a culpa. Se fosse para agir contra a emoção que é vivida com a presença do seu parente não haveria posteriormente a culpa.
Na verdade, a culpa é que é a sua prova e não a raiva. A história que a mente montou com relação ao seu parente serve apenas como alegoria para a mente poder lhe dizer que sabe tudo e não faz mais nada, não pratica nada. No momento em que ela lhe dá esta consciência é a sua hora de responder: ‘não faço e nem tenho que fazer, pois foi você, mente, quem criou tudo isso’.
Repare como você aceita a culpa, como não está entendo qual a sua provação neste momento. Quando aceita a ideia de que seria muito interessante que fosse chamado atenção antes do afastamento do seu parente, você demonstra que está preso à intenção de deixar de viver a raiva.
Esta ideia, que lhe parece algo bom, certo, santificado, na verdade é mais uma etapa do cabeçalho da sua questão. É por causa dela que leva mais a sério o ter que sentir-se culpado. Como não consegue deixar de sentir a raiva, acha que é culpado, mas isso é irreal.
Portanto, não existe na sua prova nada a respeito da própria raiva. Sobre esta questão, esqueça. Concentre-se na questão do sentir-se culpado, pois toda a história que vivencia é apenas para lhe oferecer a culpa. É na hora que esta culpa aparece que precisa agir e essa ação não é para acabar com a existência da culpa, mas não sentir-se culpado como a mente quer que sinta-se.
Ficou claro? Se quiser continuar a conversa, estou à sua disposição.
Esteja na paz de Deus.

O FILME DA VIDA HUMANA


Vocês sabem o que é um filme? Películas que vocês vêm projetadas em algum lugar, será que sabem o que é? Trata-se de uma série de fotogramas, fotografias, estáticos. Em um fotograma existe uma cena estática, em outro há outra e assim sucessivamente. Do início ao fim do filme, o que existem são fotografias que contém cenas estáticas.
Não há movimento nas próprias fotografias. Só que quando elas são projetadas numa determinada velocidade, o seu olho vê movimento. Isso é algo que precisam compreender.
A movimentação do filme não está nos seus fotogramas. A movimentação está no olho de cada um que o vê. É este órgão que, cientificamente falando, possui um atraso de captar imagens que faz com que uma sobreponha-se a outra. Por causa deste fenômeno é que o ser humano vê na sucessão de fotogramas dentro de uma determinada velocidade, uma movimentação.
É da mesma forma que o universo existe. Deus gera presentes e como você, enquanto humano, não possui capacidade de perceber os presentes estáticos, acredita que exista um decorrer de tempo. Acredita que houve um espaço de tempo.
Só que naquele momento de tempo onde acredita que houve uma movimentação, nada mais houve do que diversos momentos estáticos que se apresentaram numa velocidade que a sua mente não foi capaz de ver as fotografias isoladamente.
Isso é o desenrolar da vida. Isso é tempo. Isso é o presente.
Continuando com a mesma comparação, afirmo que a cada fotograma o cenário da vida é criado novamente. Tudo que existe num presente é criado a cada momento.
Participante: é como uma revista em quadrinhos?
Sim. Cada momento é um quadro diferente. Só que diferente da leitura de um gibi, o quadro anterior acaba quando deixa de ser lido.
Participante: isso eu entendi. O que quero dizer é que cada quadradinho é uma parte da história prefixada. Ou seja, cada presente gerado por Deus está vinculado ao livro da vida da encarnação do espírito.
Sim. Cada presente gerado por Deus é submetido à reação do espírito ao anterior, mas também está vinculado ao gênero de provas pedido pelo ser antes da encarnação.
Participante: quando estamos vivendo um quadro imaginamos que ele seja isolado do anterior, mas tudo está junto. Todos os quadros estão subordinados à ideia original da história que será contada.
Perfeitamente.
Participante: digamos, então, que é tudo uma questão de nomenclatura. O que nós chamamos de passado, você chama de vários presentes.
Sim, mas presentes que já não servem mais para a leitura, já que não se volta a ler o que já foi lido.
Participante: portanto, o passado existe, mas não da maneira como o vemos.
Ele só existiu quando foi presente. Quando o presente tornou-se passado, serviu para a construção do novo presente, mas aquele momento específico acabou.
O que estou querendo deixar bem claro é que não se pode voltar ao passado, pouco importando o que seja ele. A única coisa que pode ser vivida é o momento presente. For essa compreensão, qualquer outra ideia, inclusive nomenclatura, pouco importa.

NOTA DA TRANSCRIÇÃO:

Ao nos depararmos com conceitos como o deste texto, imaginamos que estamos entrando em conhecimentos novos, em coisas nunca vistas. No entanto isso não é verdade. Em seu livro ‘Confissões’, Santo Agostinho no ano de 397 d.c. já dizia o seguinte:
“És Tu o Ser Supremo, e não mudas. Em Ti o dia de hoje não passa, e no entanto passa por ti, pois todas as realidades deste mundo residem em ti; e não teriam meios de passar, se Tu não as contivesses. E porque Teus anos não têm fim, os teus anos são o dia de hoje; quanto dos dias nossos e dos nossos pais já passaram por este Teu hoje, e dele receberam a medida e o modo de existir, e quantos ainda passarão e receberão a medida e o modo de sua existência! Tu, porém, és o mesmo eternamente, e todas as coisas de amanhã e do futuro, de ontem e do passado, hoje as farás, hoje as fizeste! Que posso fazer, se alguém não compreende? Que exulte dizendo: que mistério é este? Que exulte e prefira encontrar-Te, não Te compreendendo, a não Te encontrar, compreendendo”.

O ESTUPRADOR NO REINO DO CÉU


Participante: uma vez você disse que um estuprador pode alcançar o reino dos céus. Poderia explicar melhor essa situação?

Você afirma que eu disse que o estuprador pode alcançar o reino dos céus e me pede para falar sobre isso. Vou começar esta resposta lhe dizendo: o estuprador jamais alcançará o reino dos céus.
É isso mesmo: um estuprador jamais alcançará o reino dos céus. Parece que estou em contradizendo, mas não é isso. Vou lhe explicar.
O estuprador é um ser humano e esse ser morre, acaba. Portanto, um estuprador não pode ir para reino nenhum, pois acabará, morrerá, antes de chegar lá. Quem pode alcançar este reino é o espírito ligado a uma personalidade humana que estuprou. Sempre foi isso que disse e nunca que o ser humano que comete um estupro pode ir para o reino dos céus.
O ser humano atingir o reino dos céus e o espírito alcança-lo são coisas completamente diferentes. O ser não pode alcançar este reino, mas o espírito pode.
Outro detalhe importante: o espírito jamais será um estuprador. Isso é impossível porque ele nem mesmo possui órgão sexual para poder realizar este ato. Por isso ele não pode praticar essa ação.
O máximo que um espírito pode ser é conivente com um estupro. Isso é outra coisa. Neste caso, não foi ele quem estuprou, mas foi conivente com a ação e com as emoções oriundas desta ação.
Portanto, o espírito só pode ser conivente com as coisas deste mundo, mas nunca praticá-las. Só que ele também pode não ser. Pode ver o ser humano estuprar e não ser conivente nem com a ação nem com as emoções vivenciadas antes, durante e depois do ato. Neste caso, ele vai para o reino dos céus.
Essa é a diferença entre o que falo e o que você entende. Na verdade, você ainda está apegado em atos, em praticar ações. Quem pratica tal ato pode ir para o reino dos céus? Não, pois quem pratica ações é o ser humano, a personalidade humana, é a encarnação o espírito e não próprio.
O espírito não pratica atos. Por isso as ações praticadas ou sofridas pela personalidade a qual está ligado não serve como parâmetro para medir a elevação espiritual. O que vai servir é a vivência da encarnação, é a forma como o ser se relaciona com a sua espiritualidade humana.
Portanto, o estuprador não vai para o reino dos céus, mas o espírito ligado a esse ser humano pode ir, desde que não seja conivente com o ato, com as intencionalidade e com as emoções que são vivenciadas pela personalidade humana antes, durante ou depois do ato sexual.
Falo assim, porque Cristo ensinou que Deus julga a intenção do espírito e não a do ser humano. Por isso, se ele se torna convivente com as intenções da personalidade humana terá um determinado destino. Se não é terá outro.
Além disso há outro aspecto a ser levado em consideração. Cristo nos ensinou que o reino dos céus não se trata de um lugar que está acima ou abaixo deste mundo. Ele existe dentro de cada um.
Por isso, alcançar o reino dos céus anda tem a ver com sair daqui e ir para lá. Trata-se de vivenciar um estado emocional onde exista a paz, a harmonia e a felicidade. Este é o estado que alcança o espírito quando não se torna conivente com tudo que existe na mente humana antes, durante e depois do estupro.
Por isso, digo que o ser pode viver o reino dos céus neste momento ou em qualquer outro. Mais: que esse estado de espírito independe do que acontece no mundo humano. É algo que depende unicamente da convivência do espírito com as criações mentais. Por isso volto a afirmar: o espírito ligado a um estuprador pode viver no reino dos céus, alcançar a paz, a harmonia e a felicidade, quando não for conivente com o que está na mente humana.
Um último detalhe. Alguns dizem que eu defendo o estuprador, o assassino, o aborto, etc. Isso não é real. Fazer a defesa daqueles que praticam essas ações, é dizer que eles não devem sofrer penalidades pelo que fizeram. Eu não defendo este ponto de vista.
O mundo humano possui suas próprias leis. Se o ato de estuprar possui leis que regem esta ação, defendo que elas devem ser aplicadas. Por isso, não afirmo que o estuprador ou qualquer outro que fira a lei humana não tenha suas penas.
O que ensino nada tem a ver com o mundo humano. O que falo é apenas para o espírito. Os ensinamentos que trago são direcionados aos espíritos e direcionam-se a encontrar um caminho para alcançar o reino dos céus enquanto a personalidade humana à qual ele está ligado pratique essa ou aquela ação.
Por isso, ao ouvir qualquer informação que tenha trazido, não queira aplica-las ao mundo humano. Saiba que nela sempre existe um direcionamento para que o ser encarnado possa não tornar-se conivente com as ações humanas praticadas pela personalidade à qual está ligado.
Se quiser, pode perguntar qualquer coisa. Estou sempre por aqui.

CONTRA A CARIDADE?


Participante: o senhor, então, é contra a caridade ao próximo?

Esta mesma pergunta foi feita ao Espírito da Verdade. A resposta está nas perguntas 886 e 888 de O Livro dos Espíritos, mas principalmente na 888a.

 “Dar-se-á reproveis a esmola? Não; o que merece reprovação não é a esmola, mas a maneira porque habitualmente é dada”.

Se vocês saíssem à rua sem intenções e dessem esmola quando lhes fosse pedido, de nada haveria para reprovar. Mas, vocês não fazem isso: saem propositalmente para dar. Neste caso, aconteceu um ato egoísta e não uma ação caridosa realmente.
O resultado desta ação, para você, não é o atendimento do outro, mas ter conseguido fazer o que queria naquele momento. Por isso, o ato tornou-se uma vitória e não uma caridade. Além do mais, você sai para fazer a caridade não pensando nas carências dos outros, mas porque se submete a um sistema humano de vida que afirma que isso é moralmente correto. Viram a influência da razão humana destruindo aquilo que parecia ser uma ação louvável?
Portanto, não sou contra o dar aos necessitados. Acho que você pode dar esmola para quem quiser, mas se quer aproveitar a oportunidade da encarnação e comungar com Deus durante ela, o que não pode é explorar o outro para você ter o prazer de ter conseguido fazer o que queria. Jamais poderia ser contra a qualquer acontecimento do mundo carnal, pois como ainda vamos ver, Deus é Causa Primária de todas as coisas. Sendo assim, tudo o que acontece é Perfeito por conta de sua Origem.

RAZÃO


Como Buda ensina, você é o seu pior inimigo. Todos estão ansiosos para modificar o mundo e não a sua própria razão. Todos querem mudar todas as coisas existem para que satisfaça a sua própria razão e não modificar-se internamente. No entanto, a necessidade de enfrentar a sua própria razão é ensinamento de todos os mestres.
Cristo, ao falar com os professores da lei, afirmou:
“Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas, pois lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro estes estão cheios de coisas que vocês conseguiram pela violência e pela ganância. Fariseu cego! Lave primeiro o copo por dentro e então a parte de fora ficará limpa também”.
“Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas, pois são como túmulos caiados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão. Por fora vocês parecem boas pessoas, mas por dentro estão cheios de mentiras e pecados”. (Mateus, 23, 25 a 28)
Professores da lei são todos aqueles que acreditam nas informações que a razão chama de verdades. Por causa desta crença compactuam com a razão quando ela cobra dos outros que possuam a mesma verdade. Acreditam ainda na razão que afirma que isso é feito por amor. Qual o que; por dentro estão cheios de podridão, ou seja, estão cheios de intencionalidades individualistas. Como nós veremos, o que eles querem é apenas defender suas posses, paixões e desejos. O que querem realmente é vencer o outro. Esta é a intencionalidade real que está presente na razão poluída e que o ser humanizado vivencia quando não enfrenta a razão para despoluí-la.
Como afirma também Cristo no Evangelho de Tomé: vocês se olham no espelho e admiram o externo, mas será que teriam coragem de ver o seu interno. Eu acho que não. Os seres humanizados não têm coragem de enfrentar a sua razão, mesmo quando sabe que ela está cheia de ossos de mortos, ou seja, daqueles que vocês retiram a felicidade obrigando-os a aceitarem o que a sua razão lhes diz que é o certo.
Eu fico estupefato quando conversando com seres humanizados que acreditam no processo reencarnatório (espíritas, espiritualista, umbandistas) falo que os acontecimentos desta vida são fruto do que fizeram em encarnações anteriores. Normalmente eles não aceitam isso. Acham que a menina que foi morta não tem nada ver com carma de existências anteriores. Acreditam que um bandido agiu por livre vontade. Será que eles não sabem que todas as existências estão interligadas e o que se faz em uma cria reflexos (carmas) para a próxima? Claro que sabem, mas não admitem, pois se fizessem isso teriam que não acusar quem age diferente do que a razão deles acusa como errado. Como não querem perder a posição de sábio, de conhecedor da verdade, preferem ignorar aquilo que dizem que acreditam.

terça-feira, 9 de julho de 2019

O SEU INIMIGO


Para encerrar o dia de hoje de estudos, queria deixar um ensinamento: vocês têm um inimigo com o qual dormem e acordam. Este inimigo está sempre ao seu lado. Vocês acordam, comem, trabalham, andam com ele o dia inteiro, porque ele é você mesmo... O inimigo é o que você acham que são. É o 'eu' que cada um imagina ser. É você, o ego...
Nosso trabalho enquanto encarnado é vencer esse diabo, esse demônio, esse obsessor, ou qualquer nome que queiram dar a ele, que está vinte e quatro horas por dia nos tentando. Esse é o nosso trabalho quando encarnado, essa é a razão de virmos à carne.
Se você cedeu à tentação num momento, não caia nela novamente quando o ego ficar lhe acusando de ter tido prazer ou dor. Diga a si mesmo: 'eu tive, acabou, vou começar tudo de novo'. É preciso abrir mão de gozar aquilo que o ego lhe propõe, mesmo que seja a auto culpa: essa é a verdadeira vitória...
Ninguém está falando em se transformar num santo, ou seja, em agir de uma forma certa, que siga sempre determinado padrão de agir, seja físico ou mental. É preciso vencer as tentações do ego à todo momento, mesmo aquelas que dizem que deixamos de fazer. Se você acha que ao desejar a elevação espiritual o ego vai lhe desejar boa sorte e tirar do seu caminho as tentações, está muito enganado. Se cair nessa vivenciando o lamento e a auto crítica que a personalidade transitória cria, vai sair da carne achando que fez alguma coisa, mas não fez nada.
Nossa vida não é seguir padrões, sejam eles externos ou internos, mas vivenciar cada situação da existência carnal sem críticas a ninguém, inclusive a si mesmo. Quando o ego lhe disser, por exemplo, que você tem que dar comida para os pobres, pense assim: se der, dei; se não der, não dei. Se o ego lhe disser que você tem que buscar a elevação espiritual libertando-se sempre do prazer e da dor, pense assim: se me libertar, me libertei; se não me libertar, não me libertei...
É preciso libertar-se de todos os paradigmas que o ego nos impõe, de todas as ilusões. Estes paradigmas não são só aqueles atitudes físicas, mas também as chamadas 'verdades libertadoras'.
Eu já disse aqui: se alimentar os outros levasse para o Reino do Céu, Jesus Cristo, como exemplo que foi, teria aberto um restaurante para dar comida para os outros ao invés de morrer na cruz.  Dar comida para os outros pode ser o caminho? Sim pode, desde que nesse caminho não exista nem o prazer de ter feito e nem a dor de não ter feito.
É isso que precisamos entender. Não adianta somente querermos praticar atos certos, físicos ou mentais, porque Deus julga a intenção com que cada um faz as coisas. Se eu dou um prato de comida com a intenção de ganhar, de ficar famoso e de ser elogiado, posso até ter alimentado alguém, mas eu próprio não recebi nada, ou melhor, recebi o prazer, prazer de ter feito aquilo que eu queria.
Isso é o resumo de hoje. Essa ação do ego é a coisa mais importante que precisamos estudar, que precisamos nos preocupar. Isso porque vocês passam o dia inteiro sem observar a ação do ego.
Você olha para o branco e diz que o branco é branco, que a cor branca é branco, isso é ação do ego. O ego está lhe dizendo que aquilo é uma cor. Você passa o dia inteiro achando que deveria fazer, que deveria acontecer...isso é ação do ego e você não entende isso como prova e vibra com o prazer de ter feito ou sofre por não ter feito.
Por isso estou insistindo muito na questão do ego. É preciso que identifiquemos a ação do ego a cada segundo. Nós temos que entender como o ego fala conosco nos dando verdades, nos dando obrigações, nos dando desejos. Isso é a fala do ego conosco. Não somos nós que desejamos isso ou queremos fazer aquilo outro: é o ego que está nos dando estas ideias e nós nos escravizamos à personalidade transitória e aceitamos os argumentos que ela dá para justificar ações...
O ego diz assim: 'você precisa dar comida senão você não vai para o Reino do Céu'. Você cai nessa história. Ele fala: 'olha, você tem que trabalhar, tem que buscar a sua Elevação Espiritual, tem que ajudar os outros' ... E você cai nessa história.
Você não tem que fazer nada porque a vida espiritual não é fazer coisa alguma no sentido material, quer seja na prática de atos físicos quanto mentais. Na vida espiritual agir é algo completamente diferente do que pensar ou praticar atos físicos...
É isso que preciso urgentemente conversar com vocês. Ensiná-los sobre a ação do ego, porque sem isso vocês não conseguem fazer nada no sentido da elevação espiritual, pois continuarão agindo empurrados pelo ego e achando que vocês são o ego.

VIVER OS ENSINAMENTOS


Participante: como fazemos para colocar o que o senhor ensina na prática?

Vivendo.

Participante: a gente acaba vivendo o que acha certo e não vê o que está errado.

Desculpe, mas não existe nem certo nem errado. Por isso, se sua mente lhe disser que algo que fez está certo, não acredite nisso; se disser que está errado, também não acredite.

Participante: mas, como é que eu vou fazer para viver?

Esse é que é o problema. Vocês ainda querem fazer alguma coisa durante essa vida enquanto estar com Deus é não fazer nada no mundo material. Como Cristo ensinou: tudo está pronto.

Participante: mas, eu tenho que viver na matéria.

Não, a matéria vive por ela. Você, como Krishna ensina, tem que aprender a assistir a matéria. Nós vamos chegar lá na nossa conversa.
O primeiro detalhe que quero falar na conversa de hoje – e que espero que fique bem claro – é que existe um sistema humano de vida que conduz vocês vinte e quatro horas por dia. Acham que escolhem a roupa, que fazem coisas, que tomam decisões livremente, mas na verdade há um sistema que direciona a sua forma de ser, estar e fazer.
Esse sistema tem múltiplas faces. Alguns seres humanos são tidos como bondosos, outros não. Isso não importa, pois a forma de ser de cada um é ditada pelo sistema humano de vida e não pelo próprio ser.
Existe um sistema que guia o ser de uma forma que é considerada bondosa e outro que guia o ser de uma forma não considerada como bondosa. Isso não importa. O importante é ter a consciência que seja o que for o ser humano, está sendo guiado por um sistema de vida e não a partir de sua própria consciência.

Participante: isso não aprendemos na vida.

Sim, porque a vida não quer que aprendam isso.
Porque ela não quer? Para não despertarem. Para não saírem do sono que estão onde acham que fazem alguma coisa porque querem.

Participante: a própria escola faz isso com as crianças pequenas.

Sim.
Você faz isso com seus filhos, seus amigos fazem isso com você, a televisão, o jornal fazem isso com todos. Isso acontece com todo mundo porque todos estão dentro do sistema. Não há ninguém acordado, fora do sistema, por isso não há alguém que possa lhe despertar. Todos só colaboram para lhe prender mais ao sistema.
Todos estão dentro de um sistema e o que eles querem, na verdade, quando propõe mudarem-se é que abandone o seu sistema e passe a viver o dele. Se fizer isso, terá apenas trocado seis por meia dúzia, ou seja, continuará servindo a humanidade.

NATAL


Participante: nesta tentativa de não me deixar levar pelo ego e às vésperas de festividades tão comemoradas por todos nós, como é o natal e o ano novo, nesta minha luta para não vivenciar aquilo que a humanidade está vivendo nestes dias, o que está acontecendo é que estou caindo num vazio, que eu não consigo realmente entender isso tudo, mas também não quero fazer aquela comilança e aquele monte de presentes porque não acredito mais nestas coisas. Então, eu me acho perdida e com um fundo de tristeza muito grande sem saber o que fazer. Gostaria que o senhor falasse sobre isso.

Em seu Evangelho, na logia 002, Tomé nos ensina:

“Jesus disse: aquele que procura, não cesse de procurar até quando encontrar; e quando encontrar ficará perturbado; e ao perturbar-se, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo”.

Esta sensação de vazio que está sentindo hoje, é originada pelo fato do natal, como comemorado anteriormente, não ter mais sentido para você. Apesar desta consciência, você ainda não consegue interpenetrar no Real sentido do natal. Ou seja, é o estado intermediário entre a sua materialidade e a sua espiritualização.
Isto é normal ocorrer para quem está procurando, pois a luta contra o ego é realizada paulatinamente e a vitória é uma consequência da persistência. Durante a luta, a primeira reação é sentir este vazio que você diz estar sentindo. Só que, a partir do momento que você encontra o vazio, tem que preenchê-lo com Deus e isso ainda é muito difícil para vocês.
A luta contra o ego não se vence em uma só batalha, mas há estágios que precisam ser vivenciados em sequência. Primeiro você é humano, vive humanamente; depois começa a compreender a necessidade da busca de espiritualizar-se e inicia, então, esta busca.
Com isso vai abandonando aos poucos a materialidade mas ainda não chegou à espiritualidade, ainda não encontrou Deus universalmente falando. Por isso surge o vazio. Mas, com a persistência na luta surge, então, o espiritualismo, a presença de Deus na sua vida e aí, então, poderá reinar sobre o Todo, pois está ligado ao Tudo.
Ficou claro?

Participante: ficou, mas esta sua resposta não ajuda muito em como vou me comportar neste natal.

Os atos que você irá praticar neste e em outros natais já estão programados no seu ego desde antes do seu nascimento e eles acontecerão inexoravelmente da forma prevista. Você não pode, agora, agir de uma forma diferente.
Quando abordo a luta contra o ego, não estou falando de atos, de mudança de atitudes, mas mudar-se por dentro. Eu não disse que não pode haver comilança nem presentes no natal, pois se fizesse isso estaria dizendo que você pode alterar o seu destino.
Quem pratica estes atos durante o natal é porque o seu ego está programado para isso e terá que fazê-lo. O que venho insistindo sempre em dizer é que você, se quiser aproximar-se de Deus, não pode aproveitar esta época para buscar a felicidade material. Então, se fez a comilança, comprou presentes, louvado seja Deus.
Agora não acredite por dentro que isso é natal. Acredite que isso é a Márcia (personagem, ego) que está fazendo e não você, o espírito. Mantenha a sua comunhão apenas com Deus e não com o que está acontecendo, fazendo o que fizer materialmente (atos) durante estes dias, e, assim, terá conseguido superar o natal material.

Participante: então, é negar tudo que se é?

Não é negar, é deixar de ser. São duas atitudes bem diferentes, porque negar algo é criar uma nova verdade e isso é impossível. Você será sempre quem programou para ser e nada poderá alterar isso.
Se a realidade hoje, por exemplo, é que você é professor, negá-la seria não mais exercer esta profissão. Isso não poderá deixar de ser, pois este é o papel pré-estabelecido por você antes da encarnação.
Por isso não é este o trabalho que estou falando que deve ser realizado. O que estou afirmando é que você, ao vivenciar o ato de ensinar, não se senta professor.
É bem diferente do negar. É a liberdade, a libertação do ser aquilo que o ego diz que você é.

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