REVOLUÇÃO ANÁRQUICA ESPIRITUALISTA

Recentemente convidamos todos a participar de uma revolução anárquica espiritualista. Com isso nos tornamos responsáveis por todos aqueles que aceitarem o convite. Por isso precisamos ajudá-los na identificação dos alvos e na mira perfeita. Só assim eles poderão vencer essa batalha e viverem uma existência em paz, harmonia e felicidade

É isso que vamos fazer nesse blog. Em cada postagem um alvo e uma munição para vencer a batalha contra o mundo.


sexta-feira, 26 de abril de 2019

UMA BARATA


Participante: Eu vejo a questão da elevação espiritual, a partir dos seus ensinamentos, da seguinte maneira: no dia em que eu conseguir conviver equilibradamente com um poodle e uma barata, eu terei o merecimento...

No dia que você for equânime lutando contra o conceito que diz que cachorro é bonito e barata é feio, poderá receber de Deus o fim dos valores bom e mal, certo e errado, bonito e feio e por isso conseguirá ser feliz...

Participante: Espero que sua missão dure séculos para estar presente ao meu lado nas futuras encarnações, pois nesta não conseguirei este equilíbrio...

Sabe o quanto vai ser difícil? O quanto acreditar que será. O quanto você se apegar sentimentalmente a este pensamento que a mente lhe deu como uma provação...
Além do mais, fique feliz por ter medo de barata. Sabe por quê? O seu medo ajuda os espíritos que estão preparando-se para encarnar...
Como? Mostrando a eles o quanto sofre um espírito bobo que tem medo de barata...

Participante: Não é medo, é nojo...

Não importa o rótulo do sentimento: medo, nojo ou qualquer outra coisa que sinta sobre o tema...

Participante: Mas como controlar este nojo?

Sabendo que não existe barata... Que não existe coisa podre, sujeira, micróbios. Que não existe tudo isso ao qual você aplica estes valores...

Participante: O senhor não pode me ajudar a não ter nojo de barata?

Nem eu nem ninguém...
Gostar ou não de alguma coisa, saber conviver universalmente ou egoisticamente é uma decisão de foro íntimo... É uma decisão interna do espírito. Ninguém pode mudar este apego às criações racionais da mente, só o próprio espírito. Nem mesmo Deus pode, pois é nesta opção que se concentra o livre arbítrio do espírito...

Participante: Eu já decidi não ter mais nojo dela, mas continuo sentindo...

Na verdade esta opção foi falsa, foi falseada, pois se realmente você houvesse decidido que ia fazer, teria realizado...
Agora, não adianta querer deixar de ter nojo de barata, porque esta sensação voltada para este inseto é uma ilusão. Na verdade o que você tem é nojo e esta sensação aplica-se a alguns elementos. O que você precisa trabalhar é o fim do nojo e não apenas aquela sensação que é voltada especificamente à barata...
Só destruindo o nojo poderá eliminar a sensação que tem frente a uma barata. Sem que consiga libertar-se das sensações nojentas que a mente cria, será impossível deixar de senti-las frente à barata especificamente...

DAS OITO AO MEIO DIA


Vocês querem ajudar os outros na hora que querem, do jeito que querem e no lugar que querem: no lugar que nomeiam como: "lugar de ajudar os outros". Não é isso?
Aquele que acha que quer ajudar precisa entender que não é assim que se faz. Essa ajuda deve ser feita 24 horas por dia, 365 dias por ano, onde ele estiver, com quem ele estiver.
Vou contar uma historinha.
Existia um médico que foi várias vezes convidado por um centro espírita a ajudar os carentes com consultas. Sempre respondeu que não, pois havia estudado medicina para ganhar dinheiro.
Certo dia, o médico cede aos apelos e resolve atender, mas foi categórico: "Atendo somente as terças e das 8 ao meio dia, nem um minuto a mais"
Depois de 40 anos atendendo aos pobres, ele morreu.
De tanto ouvir as palestras no centro, o médico desencarnado já foi correndo para a porta do "Céu".
Lá estava um anjo que perguntou se não era ele o médico que atendia os pobres. Com a resposta positiva, foi indicada a ele uma outra porta, aquela ela para pessoas comuns. Ele encheu o peito e saiu satisfeito. Ao chegar na outra porta, tinha um monte de gente esperando. Quando a porta se abriu, os outros entraram, mas na sua vez a porta se fechou. Indignado, o médico desencarnado perguntou o que estava acontecendo, se seria a porta certa. Um anjo vem ao seu encontro e disse que não havia erro. Aquela realmente era a porta para o caso dele que atendia os pobres na terra, mas com um detalhe, já passava do meio dia de terça e a porta só abria as terças, das 8 ao meio dia, nem um minuto a mais.

TORTURA DA ALMA


Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, também o será de seus sofrimentos morais?
Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma.
A inveja e o ciúme! Felizes os que desconhecem estes dois vermes roedores! Para aquele que a inveja e o ciúme atacam, não há calma, nem repouso possíveis. À sua frente, como fantasmas que lhe não dão tréguas e o perseguem até durante o sono, se levantam os objetos de sua cobiça, do seu ódio, do seu despeito. O invejoso e o ciumento vivem ardendo em contínua febre. Será essa uma situação desejável e não compreendeis que, com as suas paixões, o homem cria para si mesmo suplícios voluntários, tornando-se lhe a Terra verdadeiro inferno? (O Livro dos Espíritos)

E podem ser controladas: esse é o segredo.
Todas as torturas da alma, ou seja, todas as falas do ego que ferem paixões, podem ser controladas e por isso não precisam se transformar necessariamente em sofrimento. Então, a dor moral, ou o sofrimento de ter a sua paixão atingida, pode ser mais facilmente controlada do que o sofrimento oriundo de qualquer ato.
Aliás, ninguém sofre pelo ato, mas sim pela paixão moral envolvida nele. Isso precisa ficar bem claro. Se você sofre porque tem fome, isso é uma ilusão, uma mentira, porque tem muita gente que tem fome e não sofre. Na verdade o seu sofrimento é oriundo da vontade de comer. É fruto da ganancia e não da fome.
Sofre-se porque alguém nos abandona. Isso é uma ilusão, uma mentira. Tem gente que é abandonado e não sofre. Por isso, digo que o sofrimento nasce por causa da vontade de ter uma pessoa ao seu lado que não foi contentada.
É preciso que compreendamos isso: a dor, o sofrimento, não acontece pelo que está se passando, mas é uma criação do ego defendendo o seu patrimônio cultural, suas paixões e seus desejos. Tudo isso pode ser controlado.
Você pode controlar os motivos do sofrimento ao dizer para o ego: ‘você está certo ao dizer que tenho que sofrer porque a minha amada foi embora, mas, o mundo é redondo: esse abandono de hoje será substituído amanhã por um novo encontro. Como tenho certeza e confiança disso, para que vou sofrer agora?
Então, creiam, o sofrimento nasce na interpretação da autodefesa que o ego faz das paixões e dos desejos da sua identidade provisória.

SOFRER


266. Não parece natural que se escolham as provas menos dolorosas? Pode parecer-vos a vós; ao Espírito, não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar”.

Neste pequeno trecho temos uma informação importante: o não sofrer pode ser bom para você, mas não para o espírito.
Para comentar sobre isso pergunto: o que é pensar? Quando você pensa alguma coisa, o que faz? Cria uma interpretação para os acontecimentos da vida.
O ser humano quando pensa, cria uma interpretação para os acontecimentos da vida. Digamos, por exemplo, que uma pessoa está sentada naquela cadeira. Quando você percebe esta figura, se pensar sobre ela, criará uma interpretação sobre o que está percebendo. Dirá que ela está sentada de tal forma por determinado motivo, que ela se sentou porque estava cansada, que a posição que ela está faz bem ou mal para sua saúde, etc. Tudo isso é só interpretação, porque ninguém é capaz de saber o que vai por dentro do outro, ou seja, conhecer o porquê das ações dos outros.
Aplicando este conhecimento ao que o Espírito da Verdade nos disse aqui, podemos, então, concluir que o espírito interpreta os acontecimentos da vida de uma forma completamente diferente daquela que a mente humana cria. Se nós dissemos que o espírita ou espiritualista precisa adquirir a mesma visão que o ser universal liberto da matéria possui, eis neste início de resposta a primeira grande informação: ele interpreta a vida humana de uma forma completamente diferente da mente.
O ser humanizado que pretende aproveitar a oportunidade da encarnação para a elevação espiritual precisa ter a informação que o espírito liberto da materialidade interpreta as coisas de uma forma diferente da mente. Isso porque se ele não tiver esta informação, não promoverá a reforma íntima, ou seja, a mudança do seu interior. Continuará acreditando que a interpretação que a mente cria é o certo e verdadeiro e que está de acordo com o Universo, com a realidade real.
Tendo este conhecimento, o ser universal humanizado deve, portanto, compreender que precisa interpretar os acontecimentos da vida de uma forma diferente ou pelo menos não achar que a interpretação que ele recebe da mente é certa e real.
Participante: duvidar da minha própria análise?
Duvidar da análise que vem através da mente. Isso deve ser feito porque ela é uma interpretação humana e não espiritual.
Se o ser humanizado espírita ou espiritualista deve viver para aquilo que imagina ter em si além da carne é preciso que ele viva esta vida com os valores deste algo mais. Estes valores, como ensina o Espírito da Verdade neste trecho, não são aquele que a mente cria. Por isso, este ser humanizado precisa libertar-se da crença que estes valores são certos ou reais. Precisa ter a consciência de que as interpretações que agora recebe são uma e que liberto da mente passará a ver o mundo de uma forma diferente.
Tal informação aplica-se a tudo que a mente fala, ou seja, a todas as consciências que o ser recebe durante uma encarnação, sejam elas a respeito do mundo perceptível como também do mundo extra sensorial. Todas as interpretações que a mente humana cria são diferentes das do espírito liberto dela.
Se isso é verdade no tocante ao mundo material, podemos dizer que também para o chamado mundo espiritual. As informações que o ser quando humanizado tem sobre o que é o mundo espiritual ou como o espírito age nele não são reais. São meras criações da mente humana, ou seja, interpretações de um ser humano. Elas são, portanto, diferente daquela que possui o ser quando liberto desta influência.
Esta informação é importante porque, se o ser espiritualista ou espírita precisa viver a vida humana a partir das interpretações do espírito desencarnado para poder aproveitar a oportunidade de elevação, ele precisa compreender que estas não são aquelas que a mente humana cria. Este é um dos pontos que muitos espiritualistas e espíritas acabam pecando. Por causa da sua prisão ao que a mente constrói, ou seja, por causa da crença de que o que ela cria é real e certo, este ser acaba crendo naquilo que a mente constrói sobre o mundo dos espíritos e acaba achando que está fazendo alguma coisa pelo objetivo da sua encarnação, quando não está.
Tendo a consciência de que a criação da mente sobre o mundo espiritual é apenas uma interpretação humana e não a realidade, o ser espírita ou espiritualista, chega, então, a uma conclusão: ele não pode saber o que é, mas pode saber o que não é.
Como não é o mundo espiritual? Como a sua mente diz que ele é. Consciente desta afirmação o ser espiritualista ou espírita tem, então, o seu trabalho facilitado: basta apenas não acreditar no que a mente diz que é. Não há a necessidade de se investigar para conhecer, já que tudo que for conhecido não será formado pela mesma interpretação que o espírito tem daquilo.
Saiba de uma coisa: todas as religiões foram criadas por mentes humanas e não pelos espíritos. Reparem: nenhum mestre construiu nenhuma religião. Pelo contrário: eles foram contra àquelas que estavam originariamente ligados. Por causa do agente da sua criação (a mente humana), elas foram criadas fundamentadas com o medo do ser humano: o perder.
Toda religião tem em seu escopo ensinamentos e a informação que se eles forem seguidos o ser humano conhecerá a felicidade eterna nesta vida. Isso é real? Claro que não. Como diz Cristo, o sol nasce para todos, tanto os bons (os seguidores da religião) contra os maus. Apesar desta constatação, que é simples de ser alcançada, as religiões continuam prometendo um mundo feliz aos seus seguidores. Por que agem assim? Porque foram criadas por mentes humanas.
Como já vimos, a mente humana faz suas criações fundamentadas em sua característica primária, o egoísmo. É por isso que elas adquirem também a característica de quererem satisfazer as vontades individuais de cada ser. Isso é impossível.
Apesar de falar assim de todas as religiões, creiam: eu não estou atacando-as. Compreendo a necessidade de elas serem assim, pois sei que são instrumentos das provações do espírito, ou seja, elementos geradores da vicissitude necessária para a elevação espiritual. Quando elas propõem uma vida plena em contentamento dos desejos do ser humano está criando uma esperança que se não cumprida levará ao sofrimento. Chegado a ele, o espírito encarnado tem, então, a vicissitude necessária para o trabalho da reforma íntima.
O problema não está nas religiões, mas sim no ser humanizado que vive o que ela diz como certo ou verdadeiro. Os ensinamentos de todos os mestres são contrários a busca da felicidade plena nesta vida. Todos nos disseram que não devemos amealhar bens na Terra, na encarnação, mas na vida espiritual, no céu. Por causa disso, aquele que compreende que esta vida é apenas uma encarnação que serve como instrumento para a realização do trabalho da reforma íntima para alcançar a elevação espiritual deveria depositar a sua esperança de felicidade plena naquele mundo e não neste. Mas, como acreditam que a interpretação da mente é a mesma do espírito não conseguem aproveitar esta oportunidade.
O problema de quem busca a elevação espiritual acreditando nas interpretações que a mente cria durante a vida é que ele acredita que o que é bom para o ser humano também o é para o espírito. Isso, segundo o Espírito da Verdade neste trecho, não é assim. Como esta informação é dada como resposta a uma pergunta sobre o sofrer, podemos, então, dizer que o sofrimento não é bom para o ser humano, mas para o espírito é. Isso é assim porque a forma de interpretar as coisas do espírito é diferente daquela que faz a mente humana

INJUSTIÇA


Participante: como devo lidar espiritualmente com relação as injustiças? Devo me indignar?

O que é a indignação relativo a injustiça? Vamos conversar sobre isso.

Primeiro: uma injustiça só existe a partir de um conhecimento do que é justo. Ou seja, só nasce quando você decreta que é contrário àquilo que considera justo. Esse é o primeiro detalhe.

Falando espiritualmente. Antes da encarnação, você, o espírito, armou o seu ego com verdades que declaram que determinada coisas devem ser vistas como justas. Fez isso para que? Para que tivesse suas provações. Ou seja, fez isso para que o diabo, (a mente, o ego, o tentador) usasse esses argumentos para gerar a consciência de ocorrer uma injustiça e lhe tentar para que se indigne com aquilo.

Só que quando na carne os acontecimentos não seguem essas mesmas verdades. Eles são gerados por Deus, que é a Justiça Perfeita. Por causa dessa qualidade do Pai, tudo que acontece é justo.

Aí surgiu a provação. É justamente entre o confronto da ideia (o gênero de provas pedido) e a realidade (Deus e Sua ação) que surge a provação. Tudo acontece para que você escolha se vai aceitar a realidade que vem de Deus, a realidade com R maiúsculo, ou se você vai dar asas as verdades geradas pela sua razão. Essa é a primeira parte da resposta.

Quando você fala indignar-se com o que está acontecendo, não vê, mas é o ego que está criando essa ideia. Para que ele faz isso? Para lhe tentar, para ver se você dá asas as suas verdades. Ele está lhe instigando para que se una à tentação que está sendo dada. Está lhe deixando a oportunidade de optar buscar mudar a situação para poder transformá-la em justa ou aceitar os critérios de Deus que estão em vigor naquele momento. É isso.

A indignação que você sente é o ego instigando para que você opte pela acusação de injustiça. Para isso lhe diz que terá prazer quando houver uma mudança na situação. Mas, mesmo que a situação não mude, só por acusar a existência de um injustiça lhe dará prazer, porque realizará o que quer. Tudo isso é guiado pelo ego ou seja, você dirá que sabe o que deveria estar acontecendo.

Então é isso. Quando vem à sua mente a indignação por qualquer acontecimento, é uma tentação do diabo.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

O VERDADEIRO SERVIÇO AO PRÓXIMO


Para o homem se tornar verdadeiramente bom, deveria aprender da montanha como orientar todas as suas ações para o bem do próximo sem exceção. Inclusive o próprio nascimento, ou renascimento, deve ser inteiramente dedicado para o bem dos outros. Ao mesmo tempo que se dedica a isto, como discípulo das árvores, deveria aprender a estar sempre a disposição de todos. (Bhagavata Puranas)

Olha que grande lição de Krisha: o sábio, assim como a montanha e as árvores, dedica-se a servir ao outro.
O que será servir ao outro? Será que é fazer o que ele quer? Será que é doar tudo que você tem? Não. Vocês não têm noção, e nunca terão, do que é servir o próximo enquanto ligados a um ego humanizado.
Por que isso? Porque o ego funciona a partir do egoísmo. Por isso, mesmo quando ele diz que está servindo ao próximo, a realidade que cria é fundamentada em um desejo: o desejo de servir. Sem esse desejo, a razão jamais servirá o próximo.
Por isso afirmo que você não está servindo ao próximo: está satisfazendo um desejo individual. Com isso, não apaga o fogo da paixão e do desejo.
Sendo assim, vocês poderiam me perguntar: se nunca vou poder saber como é servir o próximo, como vou poder fazer isso que é importante para a elevação espiritual? A resposta é simples: não se servindo deles.
Isso é o máximo que você pode fazer de serviço ao próximo: não aceitar o serviço a si mesmo que o ego cria quando fala em ajudar o outro. Como se faz isso? Vamos dar um exemplo.
Se a razão diz que você tem que socorrer uma pessoa, lembre-se que ela está gerando essa ação não por socorro ao próximo, mas está usando uma paixão e um desejo individual. Isso compromete a ação porque ela possui uma intenção egoísta. Por isso diga a si mesmo: ‘não tenho que fazer essa ação; se fizer fiz, se não fizer, não fiz. Se der a mão, dei, se eu não der, não dei. Não há certo em fazer nem errado em não’.
Esse é o maior serviço que você pode prestar ao outro: não se servir dele para satisfazer a sua paixão e o seu desejo que estão presentes nas criações do ego.
É isso, filhos. Essa é a realidade da vida. A mente humana cria padrões sobre o que atender o próximo. Você acha que eles são reais, mas não entende que possuem uma intencionalidade egoísta, estão aprisionados a paixões e desejos individualistas.
Não, você não poderá jamais, enquanto aprisionado a um ego humano, fazer nada pelo outro. Mesmo quando fizer atos nesse sentido, estará usando o outro para fazer o que quer fazer, pois só socorre quem quer na forma que acha que deve.
Então, aprenda com a árvore. Ela não se preocupa em nascer nesse ou naquele lugar, não se preocupa em ter mais flores para embelezar ou folhas para dar sombra. A árvore não se preocupa em dar frutos ou não.
A árvore existe onde está sem nenhuma preocupação, sem querer ser nada. Quem aprende com a árvore sabe que o serviço ao próximo passa por não aceitar imposições para ser ou fazer alguma coisa. O senhor da mente entende isto e por isso age junto ao ego para não aceitar o ter que fazer ou o ter que deixar de fazer. Ele simplesmente diz: ‘o que acontecer, aconteceu’.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

O AMOR É A RESPOSTA, NÃO IMPORTA A PERGUNTA


Filhos!

Desde que abrimos a possibilidade de vocês fazerem perguntas diretamente a mim, já respondemos quase duzentas e cinquenta perguntas. Só hoje respondemos mais de trinta questões. Na grande maioria delas, noventa por cento, a minha resposta para que vocês conseguissem saber o que fazer sempre foi: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mesmo quando não fiz a citação dos mandamentos de Cristo, no fundo da minha resposta estava a colocação: você precisa amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Hoje estou enviando esta mensagem a vocês falando isso não porque não vamos responder mais questões. Podem continuar remetendo a pergunta que for que estaremos à disposição de vocês para responde-las. O objetivo desta mensagem não é estancar o fluxo das perguntas, mas gerar um auxílio maior a vocês.
Muitas vezes na hora em que as coisas estão acontecendo na sua vida, vocês não dispõem de um Joaquim do lado para lhes orientar no que devem fazer naquela situação, não importando qual seja ela. É por isso, estou mandando esta mensagem. O que quero com ela é que estejam aptos a conseguir a solução para os problemas de suas existências naquele momento ao invés de sofrerem e só depois vir a mim perguntando o que deveriam ter feito.
Na hora que estão vivendo qualquer acontecimento sabem como devem agir? Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Cristo deixou bem claro que estes são os dois únicos mandamentos que vocês devem cumprir se quiserem aproximarem-se de Deus. Se não quiserem também, não tem problema nenhum. Ajam como quiser, porque o que fizerem, o que viverem será fruto do livre arbítrio de vocês e por isso estará sempre certo.
No entanto, para aquele que quer aproximar-se de Deus e assim realizar o objetivo da encarnação, não importa se alguém está com olho gordo sobre você, se você está com raiva do outro, se está sendo morto ou se está matando alguém: ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Agindo assim, você terá certeza absoluta de ter aproveitado ao máximo aquele momento.
Dito assim, parece até fácil, não é? Parece até simples para vocês colocarem em prática estes mandamentos a cada momento, mas não é. Não é porque vocês não sabem o que é amar a Deus sobre todas as coisas e nem amar ao próximo como a si mesmo.
Durante a conversa com candidatos a doutrinadores falamos sobre isso. Sei que em breve o texto contendo o que foi dito será divulgado, mas que queria adiantar o que disse lá. Faço isso justamente pela quantidade de perguntas, ou melhor, por causa da quantidade de dúvidas que vocês têm. A quantidade de perguntas não têm importância, podem perguntar o quanto quiserem, mas faço isso para que possa realmente lhes ajudar muito mais do que falando sobre um tema ou outro.
Por isso esta mensagem... Vamos a ela...
Vocês sabem o que é uma vida humana? Os acontecimentos da vida humana, envolvendo aí os atos físicos e o mundo mental de cada ser humanizado envolvido naquele acontecimento, são teatralizações escolhidas por Deus para dar ao espírito o gênero de provação que ele pediu. Não importa se você está fazendo suas necessidades no banheiro ou está se casando, se está estudando ou orando: todo momento da vida humana é isso. Não importa se você está trabalhando como médium, rezando uma missa ou fazendo um trabalho de doutrinação, você está vivendo uma teatralização criada por Deus de acordo com gênero de provas que o espírito pediu antes da encarnação.
Sei que vocês não veem assim, mas neste mundo não há momentos sagrados e nem momentos infames. A única coisa que acontece é Deus teatralizando de determinada forma um gênero de provação.
Compreendido isso, para poder compreender o que fazer a cada momento, você precisa entender o que é gênero de provação.
Os gêneros de provações são as múltiplas vivências que não refletem o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Por isso, se você está vivendo o amor humano ou o ódio por uma pessoa, não há diferença na forma como deve buscar agir para conseguir aproveitar a oportunidade da encarnação. Isso porque qualquer emoção humana significa que você não está vivendo o amor como ensinado por Cristo. Está vivendo apenas sensações humanas.
Com estas duas informações podemos compreender que a cada momento da sua existência acontece uma pergunta, um questionamento: você vai viver o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo ou viverá aquilo que a sua mente está criando para você viver?
É isso que precisam se atentar para poderem conseguir no momento em que estão sozinhos conseguir viver a situação realizando a aproximação de Deus. Não importa o que está acontecendo, você precisa amar a deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Não importa se você é alvo da ganância ou do mal olhado do outro ou ainda se é você que está sendo ganancioso e emitindo mal olhado para a coisa dos outros, o que realmente está acontecendo é uma teatralização de um gênero de provações pedida pelo espírito antes da encarnação. Por isso, o que está acontecendo realmente é um questionamento: você vai viver o que a mente está criando ou o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Nesse momento, ou seja, em todos os momentos da vida, aquele que quer aproveitar a encarnação opta pelo bem, pelo amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É por isso que estou adiantando o que já falei sobre o cumprimento dos mandamentos ensinados por Cristo.
Agora que você sabe que não importa o que esteja vivendo na realidade o que está lhe acontecendo é uma oportunidade para cumprir os mandamentos ensinados por Cristo ou não, precisa conhecer como se cumpre estes mandamentos. Vamos, então, falar sobre o que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Amar a Deus sobre todas as coisas é viver o amor por Deus acima de qualquer outra vivência que a mente lhe dê.
A mente lhe diz que o ambiente não está agradável? Viva o seu amor a Deus ao invés de viver a ideia que o ambiente não está agradável.
A mente lhe diz que você está sendo caluniado? Viva o seu amor a Deus ao invés da ideia de que está sendo caluniado.
Essa é a prática do amor a Deus sobre todas as coisas. É isso que você precisa conhecer para poder a cada momento de sua existência saber o que fazer: não importa o que a mente diga que está acontecendo, se está sendo agredido ou agredindo alguém, viva o amor a Deus ao invés de viver o que ela cria.
Dito isso, você pode imaginar que agora sabe como colocar em prática o mandamento ensinado por Cristo, mas, para que realmente compreenda o que o mestre ensinou, há um detalhe que precisa ser visto. Na realidade em qualquer momento de sua existência você não deve apenas viver o seu amor a Deus, mas precisa viver acima de todas as coisas uma relação amorosa com Deus. Ou seja, é preciso viver o amor que você tem por Deus e ao mesmo tempo sentir-se amado pelo Pai.
Essa é a primeira postura que o espiritualista assume quando, ao saber que existe algo além da matéria, vive para este algo. Ele suplanta qualquer ideia que a mente cria pelo amor de Deus, ou seja, ao invés de sentir-se traído, indignado ou com fome, sente-se amado por Deus.
Está aí a primeira saída para vocês. Quando não tiverem um Joaquim do lado e viverem a dúvida do que fazer, apenas ame a Deus e entregue-se a Ele sentindo-se amado independente do que está acontecendo.
Esta é a primeira postura que o espiritualista toma e com isso cumpre o primeiro mandamento deixado por Cristo. Só que há mais um ensinamento transmitido pelo mestre. Vamos falar deste segundo mandamento...
Ele também disse que é preciso que você ame ao próximo como ama a si mesmo. Este amor ao próximo é mais fácil de explicar: é preciso respeitar o próximo.
Como Cristo falou, o amor ao próximo resume-se em dar a ele o que quer para você. Você não quer ser respeitado? Não quer ter o direito de ter sua opinião? Não quer ter o direito de achar alguma coisa certa e outra errada? Não quer ter o direito de dizer o que é verdade e o que não é? Pois bem: dê este mesmo direito ao outro.
Na prática, isso quer dizer que na hora que alguém lhe contrariar, você não deve viver a contrariedade, mas o amor a Deus e o amor de Deus por você e com isso respeitar o direito do outro lhe contrariar. Essa é a prática do dois mandamentos trazidos por Cristo, mas há ainda um detalhe que precisa ser visto.
Cristo ensina que você deve amar o próximo como a si mesmo, ou seja, ele diz que você precisa amar a si mesmo. O que é este amor? O mesmo que deve ter pelos outros: respeito...
Para colocar em prática os mandamentos deixados por Cristo você precisa se respeitar. O que quer dizer isso? Quer dizer que deve amar a si mesmo como você é e não esperar alcançar padrões predeterminados e considerados pela humanidade como certo para então se amar.
Portanto, se durante a vivência de um acontecimento da vida a mente lhe acusa de ter falado uma mentira, ame a si mesmo: respeite-se. Não aceite a ideia que a mente cria que você está errado, que não deveria ter sido daquela forma. Ao invés disso diga a si mesmo: eu menti, e daí? Se a mente lhe diz que você está errado, que é nervoso, depressivo, isso não importa: para colocar em prática o amor ensinado por Cristo você precisa se amar do jeito que é.
Eis aí, então, o que é cumprir os mandamentos que Cristo ensinou. O amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo é alcançado quando você, ao invés de vivenciar a ideia que a mente cria, amar e sentir-se amado por Deus e respeitar o próximo e a você mesmo, dando a todos o direito de serem, estarem e fazerem o que fizerem.
Atentando a estes detalhes, não importa o que aconteça, você conseguirá aproveitar a encarnação e conseguirá viver ainda nesta vida a paz e a harmonia com o mundo, que é a expressão do amor de Deus por você e de você por Ele.
Portanto, como disse no início, não estou mandando esta mensagem para que parem de me enviar perguntas. Não, estamos aqui à disposição de vocês. O que estou fazendo hoje é mandando uma mensagem àqueles que, mais do que curiosos ou em busca de saber, estejam realmente comprometidos com a busca espiritual. Para esses está aí a resposta para qualquer das suas dúvidas, não importa qual seja ela.
Não importa se uma mãe que se agarra ao filho ou se é uma que se afasta dele: ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo que estará fazendo o que deve ser feito. O resto, o conhecimento técnico, a sabedoria – sabedoria no sentido de acúmulo de saber – a questão da vibração da planta, o porque alguém sofre, some quando você convive com tudo com os mandamentos de Cristo.
Que vocês estejam na paz. Que aproveitem esta mensagem. E como disse diversas vezes nela, estou à disposição à hora que precisarem.
Que a mãe lhes cubra com o seu manto.

Graças a Deus!

SUCESSO


Participante: vi uma frase que um amigo postou no Skype e gostaria que Joaquim comentasse. ‘Como nos ensina o médico e palestrante Dr. Laís Ribeiro, ser feliz é estar satisfeito com aquilo que você tem, mas ter sucesso é conquistar aquilo que você quer’.

Eu concordo plenamente: ser feliz é estar satisfeito com o que você quer, mas ter sucesso é conquistar aquilo que você sonha. Concordo com isso!
Só tenho uma pergunta a lhe fazer: o que você quer pra você? Sucesso, uma vida material próspera ou quer para você a elevação espiritual? Se quer o sucesso, se quer uma vida humana próspera, faça exatamente o que doutro falou. O que ele disse é perfeito nesse sentido, por isso você vai alcançar o sucesso. Só tem um detalhe que quero lhe alertar: o sucesso tem prazo determinado.
No mundo humano muitas vezes o sucesso corresponde a quinze minutos de fama. No mundo espiritual sabemos que esse sucesso pode demorar vinte, trinta ou quarenta anos, mas ele acaba. Você pode durante um tempo nesta vida ser um profissional respeitado, pode ter fama como chefe de família ou em qualquer outro segmento da vida humana, mas isso acaba quando se encerra a vida...
Diante disso lhe pergunto: e com relação à eternidade, quando você vai conquistar o sucesso? Todo sucesso que se relacione com realizações humanas pertence ao ser humano e vai acabar no momento em que o ser humano acabar. Não existe sucesso no mundo humano que ecoe no mundo espiritual. Por isso Cristo ensina: o primeiro no reina da Terra será o último no reino do céu.
Se você preocupa-se apenas com o sucesso nessa vida, lhe pergunto: como vai viver a eternidade? Lamentando-se porque perdeu a fama?
Sim, tem muitos que estão naquele lugar que vocês chamam de umbral lamentando exatamente isso. ‘Porque que eu fui morrer, eu perdi minha fama, eu perdi meu sucesso, eu perdi minha posição de respeito’.
Se você não liga para o seu futuro espiritual, para a sua vida eterna, continue buscando o sucesso fundamentado nos padrões humanos. Agora, se você liga para o seu futuro eterno, saiba que esse sucesso não vai lhe levar a lugar algum. Pelo contrário. De acordo com o ensinamento de Cristo que vimos esse sucesso vai lhe levar a ocupar o último lugar no reino do céu.

PAULO E O HOMOSSEXUALISMO


Participante: quando Paulo fala que os homens deixam as relações e se queimam de paixão uns pelos outros (Carta aos Romanos, 1, 27), ele com certeza fala do homossexualismo, não?

Não... Vamos entender...
Paulo afirma: os homens se queimam de paixões por outros homens... O que é se queimar de paixão? Adoração, amizade, vaidade, orgulho, etc. Qual deveria ser a relação natural entre eles? A prática do amor universal.
Um homem que considere outro certo, que se imagine amigo deste, não está se queimando de paixão por ele? Claro que sim, porque tem verdades a respeito deste outro.
Mas, quem é o amigo? Criador ou criatura? Então, o homem que acha algum outro certo se queima de paixão numa relação vergonhosa, já que está adorando a criatura ao invés do Criador...

Participante: mas, cada um pode interpretar este texto de um jeito sem estar, por isso, errado...

Não... Cada um pode dizer o que quiser, mas interpretar este texto de forma diferente não pode.
Paulo fala anteriormente na paixão verdadeira e ela é uma só: amor a Deus acima de todas as coisas... A partir daí ele afirma que a paixão que é vergonha para os seres humanos é relacionar-se com a criatura como se fosse Criador... Foi isso que estudamos até aqui e agora não poderíamos mudar o sentido dos ensinamentos de Paulo para relações homossexuais... Por isso o texto não pode ser interpretado de forma diferente.
Vamos tirar o sexo dos personagens envolvidos no texto... Falemos da paixão vergonhosa de um homem com uma mulher...
Quando ela acontece? Quando não é fundamentada no amor universal (amor entre espíritos), mas sim nos conceitos egoístas (eu gosto, eu acho certo, é meu) do ser humanizado.
Quem ama universalmente falando não deixa que os conceitos poluam a relação entre os eles e os demais elementos do Universo. Esta é a relação natural, da natureza do espírito, e, por isso, não é vergonhosa. Mas, quem se deixa levar primariamente pelo seu individualismo, se relaciona de uma forma vergonhosa com os outros.
Esta Realidade independe de sexo. Não importa se estamos falando de homem ou mulher relacionando-se com seu igual: se houver paixão humana (gostar) há uma relação vergonhosa.
O que mais causa a interpretação de que aqui está embutida uma crítica ao homossexualismo, o que é comum entre os seres humanizados, é o termo relação... Por causa dele cria-se logo a imaginação de que está se falando de relação sexual, mas estamos falando de relacionar-se (estar em contato), em qualquer nível.
Trocar a sua relação natural é deixar de viver como espírito durante os relacionamentos em qualquer gênero, pois esta é a relação natural (que faz parte da natureza do ser universal) entre os espíritos, humanizado ou não.
É a partir desta Realidade que temos que entender os ensinamentos do apóstolo e não utilizando os preconceitos que estão na memória do ego humanizado.
Posso fazer uma pergunta bem clara? Olhe todas estas pessoas que estão aqui hoje... Existem seres de ambos os sexos, não? Nós estamos tendo relações aqui e agora?

Participante: acho que sim...

Claro que estamos... Estamos nos relacionando, ou seja, tendo relações, e isto não tem nada a ver com sexo...

Participante: mas, no texto está ‘se queimam de paixões’...

Vocês não estão se queimando de paixões agora? Não estão gostando ou deixando de gostar por estar aqui, pelo que estão aprendendo, por mim, pelo amigo ao lado? Isto são paixões...
Então, vocês todos estão aqui mantendo uma relação comigo, entre si e com a palestra, e, com isso estão nutrindo paixões. Mas, estão nutrindo neste momento uma paixão vergonhosa porque estão fazendo tudo isso apenas a partir de seus próprios conceitos e percepções e Deus, para vocês, neste momento está longe, apesar desta ser uma reunião espiritual....
Nesta relação que estamos tendo agora estão presentes homens e mulheres. Os homens estão se relacionando com homens, as mulheres estão se relacionando com suas semelhantes; tudo dentro de uma relação vergonhosa, e nada está ocorrendo aqui que possa ser chamado de sexual...
As relações vergonhosas não são as sexuais, mas quando um quer levar vantagem sobre o outro, quando tem ódio, quando critica o próximo, quando quer ser melhor do que o outro. Isso porque esta não é uma relação da natureza espiritual, mas uma relação fundamentada na natureza humana...
Participante: mas, esta é a sua verdade... Eu posso chegar aqui e interpretar do meu próprio jeito...
Claro que pode e muitos o fazem. Todos têm o direito de interpretar qualquer texto do seu próprio jeito.
Agora, dizer que Paulo está se referindo a relações sexuais é apenas uma interpretação individual, pois este texto é continuação de tudo que vimos antes, onde o apóstolo vem falando das relações vergonhosas com o que Deus faz e não das relações sexuais entre os encarnados. Não se pode quebrar a lógica de Paulo, pois todo o texto é uma só explicação.
É isso que precisamos compreender para poder interpretar o texto. Não podemos nos apegar apenas aos valores sexuais porque em diversos outros momentos, inclusive agora, vocês estão tendo relações com outros homens e mulheres...
Nós estamos nos relacionando aqui; você vai para o seu trabalho e têm relações lá o dia inteiro com outros homens e mulheres... Estas relações podem ser naturais (se vivenciadas com amor universal, livre de conceitos) ou vergonhosas (vivenciadas a partir dos conceitos existentes no ego de cada um).
Mais tarde Paulo falará de relações sexuais, mas quando isso acontecer, pode ter a certeza, ele será bem claro... Mas, neste texto, onde muitos dizem que há uma condenação ao homossexualismo, isso não é real. Há sim uma condenação a uma relação vergonhosa entre os seres (onde não haja amor universal).
Deixe-me dizer outra coisa... Para vocês, humanos, o homem arder de paixão por uma mulher é uma relação natural, não é mesmo? Mas, esta relação é natural para vocês, porque para nós ela é vergonhosa, pois é fomentada por uma paixão materialista e não espiritual.
A relação natural é aquela que é regida pelo amor universal. A paixão materialista, seja entre sexos diferentes ou iguais, seja de pai para filha ou de filho para mãe, ou qualquer outra relação que não seja dentro da felicidade, compaixão e igualdade, é imoral. É por isso que Cristo afirma que veio para jogar pai contra filha e filho contra mãe...
É isso que Paulo está nos ensinando: existe uma relação natural entre os espíritos e o homem (espírito humanizado) cria uma relação vergonhosa entre eles, porque são as fundamenta nas paixões que são artificiais (criadas pelo ego).
Como já dissemos, Cristo disse que não há casamento no céu. Então, uma paixão entre marido e mulher não é natural, mas artificial e acabará com a morte.
Nós não podemos continuar lendo as coisas do mesmo jeito que fizemos até agora, porque nosso trabalho é desmistificar o conhecimento humano. Desmistificá-lo é dizer que a relação não natural é qualquer uma mantida na base da humanidade, inclusive a sexual. Ou seja, qualquer relação onde entre paixão. Isto porque, a partir da paixão, surge a posse, o ciúme, a desconfiança, o desejo, etc.

JULGAR POR OFÍCIO


Participante: vi que tudo é causado por Deus. Até aquilo que é tratado como crime pelas leis humanas são feitos por Deus e que não devemos julgar como certo e errado. Pois bem, qual seria a missão e a visão de Deus para uma pessoa que venha a ser um policial e é obrigado a punir, julgar e, em certos casos, tirar a vida de acordo com as leis criadas pelos humanos? E para que o espírito vem para esse tipo de missão?

Primeiro detalhe. Lembro que quando começamos a estudar o budismo, uma das primeiras coisas que vimos foi a questão do não julgar. Nós batemos muito firme com o grupo de então neste aspecto. Quando o não julgar já estava mais ou menos entendido, uma pessoa do grupo foi chamada para fazer parte do tribunal do júri, para julgar pessoas que estavam sendo acusadas de crimes contra a vida.
Quando isso aconteceu, essa pessoa veio pra cima de mim: ‘mas Joaquim, você acaba de ensinar para não julgar e aí vocês fazem ser chamada para o tribunal do júri. Para que’? Eu respondi: ‘para você aprender a exercer o julgamento humano, sem deixar o seu coração se envolver nele...’
O julgamento pelas leis humanas, seja por juízes ou por jurados, assim como o trabalho policial ao qual você se refere, são acontecimentos e atos da vida. Por isso, eles terão que ocorrer de acordo com aquilo que cada espírito precisa. Ou seja, o juiz e o júri vão julgar e chegar a um veredito, que é o carma pré escrito daquele espírito. Você, ou qualquer outro policial, vai caçar, prender, acusar ou até matar aqueles que possuem esses carmas. É para isso que determinados espíritos cumprem essa missão, ou seja, ocupam esses papéis no mundo humano.
A missão de agir sobre a vida dos outros está na pergunta 132 do Livro dos Espíritos: eles tomam um corpo de acordo com o mundo onde vão morar e ali, sob as ordens de Deus vão contribuir para a obra geral. Se você passar no concurso para policial, se assumir o cargo, lembre-se disso: na hora que for policial, qualquer que seja a sua ação, estará sendo o instrumento do carma do outro. Lembre-se disso, mas também não se esqueça que deve amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Amando a Deus sobre todas as coisas, você vai prender todos os bandidos que tiver que prender, vai matar todos os bandidos que tiver que matar no cumprimento da sua função, mas não vai sofrer nem com o que ver como resultado do que eles fizeram e nem como resultado do que você fez. Isso porque estará ligado em Deus ao vivenciar o ato que está sendo praticado.
Se amar o próximo como a si mesmo, você vai prender, bater ou matar, mas não vai ter ódio do outro, não vai ter raiva do outro. ‘Estou batendo, estou prendendo, estou matando porque essa é minha função, porque isso que estou fazendo é o meu carma, é a minha missão, mas essa pessoa é meu irmão e por isso, internamente, eu não o acuso de nada’.
Acho que minha resposta fica bem clara se levarmos em conta o ensinamento de Cristo: a Cesar o que é de Cesar; a Deus o que é de Deus. Deixe o seu lado externo, o que é de Cesar, agir dentro daquilo que precisa ser feito para o cumprimento do carma de cada um e mantenha o seu lado interno, aquilo que é de Deus, ligado a Deus. O resto é só historinha pra boi dormir.

FESTEJE SEMPRE


Participante: estou em uma festa lotada. Cheio de gente dançando e etc. As pessoas parecem nem lembrar-se de Deus nesse momento. Como o espiritualista pode vivenciar essa situação concentrado em Deus sem se sentir um estranho e, desse modo, confrontar os outros no local?

Estando em Roma, aja como os romanos. Você está numa festa, nela existe todo um ambiente, toda uma forma de festejar. Portanto, festeje!
Esse que é o problema. Vocês ainda acham que ser espiritualista é negar a materialidade.  Ser espiritualista não é negar a materialidade, mas negar a humanidade, o que são coisas diferentes.
O espiritualista vai à festa e se diverte, mas se não tiver festa, ele se diverte onde estiver. Já o materialista, aquele que depende das coisas materiais para ser feliz, se gosta de festa e não tem, ele vive a contrariedade. O espiritualista bebe, mas se não tiver bebida, não sofre por isso. O espiritualista canta, dança, faz tudo o que todo ser humano faz: a única coisa que ele não vive é condições necessárias, obrigações e necessidades.
Portanto, se você está numa festa, festeje! Festeje ali, brinque, porque aquela festa é Deus. Sendo assim, quando festeja a festa, está com Deus. Agora, se você quiser estar numa festa dando uma de moralista, dizendo que aquela pessoa não deveria estar bebendo, mas sim rezando, você não está com Deus, pois Deus é a pessoa que bebe e a bebida que está sendo bebida. Deus é a pessoa que pula e os pulos que a pessoa dá.
Já digo isso há muito tempo: a elevação espiritual se consiste na harmonia com a vida que se tem a cada momento. Se o seu momento é festejar, harmonize-se com a festa que tem. Não saia julgando os outros com padrões moralistas, que fazer isso nada tem a ver com Deus. Esse que é o detalhe: é preciso aprender a viver com o que você tem.
Eu me lembro de uma pessoa que veio me pedir ajuda para a prima dele. Ele me narrou que o filho dessa prima tinha morrido e ela agora vai todo dia ao cemitério e só conversa com pessoas que tenham filhos que morreram. Me disse que ela não sai pra passear, para se divertir. Eu respondi à essa pessoa: ‘qual o problema disso? Ela está reclamando da vida que tem? Não! Então ela está bem com ela, que é o que importa. Tanto isso é verdade que quando vocês vão falar com ela, ouvem a seguinte resposta: não enche meu saco, eu estou bem assim’.
Essa mulher está harmonizada com a vida dela e é isso que precisa ser alcançado. Ao invés de projetar o que seria estar feliz, você deve aprender a viver a vida que tem para viver.
Ser espiritualista não é ter uma vida pré-moldada a partir de conceitos que diz o que é certo ou errado o espiritualista fazer. Ser espiritualista, ou seja, viver próximo a Deus, é aprender a viver harmonicamente com tudo o que a sua vida contem.
Portanto, se você está na festa, festeja! Ah, e não me esqueça de chamar que vou junto.

REVOLUÇÃO ESPIRITUALISTA


Participante: A passagem do egoísmo para o universalismo, ou seja, do foco em nós mesmos para Deus é, então, algo revolucionário ao espirito? É um caminho sem volta?

Sim, é um caminho sem volta. Até porque o caminhar, seja para a frente ou para trás, é criado por Deus. Além disso, como ensina o Espírito da Verdade, o espírito não retroage. Por isso, Deus não vai retroagir na caminhada.
Revolucionário? Sim. É uma revolução. Aliás, há tempos ditamos um texto chamado ‘Uma revolução’.
Com nosso trabalho estamos conclamando você e todos os seres humanizados a promoverem uma revolução. Uma revolução contra a matéria, contra os padrões do mundo, contra as regras de etiqueta, de sociedade, contra o bem e contra o mal.
É preciso promover essa revolução porque só quando você se revoltar com as coisas humanas irá procurar outras. Não adianta continuar achando as coisas humanas muito bonitas, sublimes, santas e querer fazer a elevação espiritual. Ninguém faz, ninguém abre mão do que já tem e gosta para procurar coisas diferentes.
Como já disse, as perguntas que vocês fazem são boas. As vezes guardamos algumas as usamos para dar orientação por muito tempo. Havia uma pessoa de Portugal que um dia me disse: ‘mas Joaquim, você está dizendo que no céu não tem passarinho, pôr do sol, plantas, rios. Por quê? Tudo isso é tão bonito’. Respondi a ele: ‘é exatamente por achar tudo isso tão bonito é que você continua encarnando e desencarnando há milhares de anos. Enquanto quiser ouvir um passarinho cantando, não vai buscar viver em um lugar onde não há pássaros’.
Então sim, buscar a elevação espiritual, fazer a reforma íntima é realizar uma verdadeira revolução. Todos os seres encarnados devem se tornar soldados revolucionários que lutam contra os poderes instituídos, sejam eles religiosos, sociais, financeiros, materiais.
Por favor, não confundir o que estamos falando como luta contra governos. Nós não somos contra ou a favor de qualquer governo. O que somos contra é a ilusão do poder sobre os outros. O poder de julgar, criticar, acusar, etc.
Até porque somos cristões e como Cristo ensinou, os governantes são designados por Deus de acordo com o merecimento do povo.

Participante: mudam todos os parâmetros e toda realidade.

Mais do que isso: muda o parâmetro, a realidade e o foco. Hoje você está de costas para Deus, olhando a matéria. Para alcançar a elevação espiritual é preciso virar de costa para a matéria e olhar só para Deus. Por isso digo que é preciso mudar o foco.

terça-feira, 23 de abril de 2019

AUTORIDADES RELIGIOSAS


Amamos a Deus por causa daquilo que ele esconde de nós; e respeitamos as autoridades por causa daquilo que elas nos explicam. (Provérbios de Salomão – 25,2)

O ser humano imagina que consegue, através da sua elevação moral e intelectual, descobrir os maiores segredos do universo, mas existe uma coisa que ele nunca consegue descobrir: o seu destino. Sobre o seu futuro não tem o menor conhecimento nem comando.
Isto é o que quis dizer Salomão quando falou nesse provérbio quando disse “o que ele esconde de nós”. Deus não permite que o homem conheça o seu destino para não interferir nele. Mas, o que é o destino?
O destino de um homem, ou seja, as coisas que acontecerão durante a existência carnal de um espírito, nada mais são do que as provas que esse ser tem a cumprir durante a encarnação. Como elas visam o engrandecimento do ser pela prática do amor universal (amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo com a si mesmo), devemos amar ao Pai por ter criado o artifício da encarnação, independente do que aconteça na vida.
Mas, devemos amar a Deus não só pela chance que nos dá de reencarnar para cumprir determinadas tarefas que elevem a nossa condição espiritual, mas porque Ele faz tudo isso com o objetivo de nos levar à felicidade universal. Tudo que acontece durante a vida é gerado por Deus para que o ser tome determinadas atitudes emocionais e com isso viva com felicidade plena.
O esquecimento do que acabamos de dizer durante a encarnação se deve ao véu do esquecimento. A existência desse véu nos foi revelada por Kardec quando codificou os ensinamentos trazidos pelo Espírito da Verdade.
É por isso que Salomão nos diz que devemos amar a Deus por tudo aquilo que Ele não nos revela. Devemos amá-lo sempre, porque tudo o que cria é para nos auxiliar a alcançar a felicidade universal durante a vida eterna que Ele mesmo nos deu.
Esse amor é exclusivo ao Pai. Para aqueles que nos ajudam na compreensão das coisas, devemos apenas respeito. Quem são esses?
Para ajudar o Senhor na administração do processo encarnação, Deus conta com auxiliares. Na verdade, todo o mundo espiritual trabalha sob as ordens de Deus para ajudar aqueles que estão fazendo provas.
Esses trabalhadores agem na invisibilidade, mas muitos precisam passar pelo mesmo processo de encarnação dos que estão fazendo provas para transmitir, com palavras e ações, os ensinamentos necessários para a mudança individual. São esses que chamamos de mestres ou como Salomão se referiu autoridades.
Os ensinamentos deixados por eles foram transformados em doutrinas. Todos falaram em nome de Deus, ensinaram a amar a tudo e a todos, mas durante o correr dos anos, muitos desses ensinamentos foram distorcidos objetivando a idolatria às próprias autoridades que transmitiram os ensinamentos. É por isso que o provérbio de Salomão é importante: não idolatre as autoridades, mas somente a Deus. 
Por isso, nunca custa lembrar: amar só a Deus. Aos espíritos instrutores devemos respeito, confiança nos seus ensinamentos, certeza de que suas palavras provêm de Deus, mas não ter por eles o mesmo amor que dedicamos ao Pai.
Só Deus é o Pai Supremo, os outros são nossos irmãos.

A LÍNGUA UNIVERSAL


Participante: Tenho notado que as questões têm versado sobre atos e fatos sociais e desconfio que a espiritualidade prende-se a sentimentos, pois é uma linguagem irrestrita. Gostaria de saber qual a língua dos espíritos? Qual a marca que separa o bem e positivo do mal ou negativo? Pergunto isso por saber que o negativo de um ato está mais em nossa interpretação do que nele mesmo.

A pergunta é interessante porque vem de encontro com a missão do Espiritualismo Ecumênico Universal: a desmaterialização da vida carnal.
Para falarmos de língua, não podemos nos esquivar de abordar o episódio bíblico da “Torre de Babel”. Conta a história que os homens quiseram desafiar a Deus e iniciaram a construção de uma torre que os levaria a alcançar os céus. Face à presunção deles, Deus embaralhou a língua falada por eles, criando o caos.
A partir dessa história podemos compreender que existia uma língua mãe que foi alterada após o ato divino. Qual terá sido essa língua? Certamente teria que ser uma universal, ou seja, que fosse compreendida por todos. O único exemplo que temos de uma linguagem com essas características nos dias de hoje são os sentimentos. A linguagem dos sentimentos é compreendida por todos.
Juntando essa consciência com a ideia de que tudo no mundo universal, espiritual, é universal, podemos entender que a linguagem universal, ou dos espíritos, como colocado no contexto da pergunta, são os sentimentos que os espíritos nutrem.
Isso responderia sua questão, mas aproveitando a ocasião, seria interessante falarmos desse tema: os sentimentos humanos.
Os sentimentos são matérias espirituais, ou seja, são ondas eletromagnéticas que se propagam de uma forma não retilínea. Todas as matérias que existem no universo são compostas por essas ondas, que chamaremos de energia.
Para compreendermos melhor a energia (sentimentos), utilizaremos aqui algo semelhante que seja conhecido dos seres humanos: a energia elétrica. Não se trata da mesma coisa, pois a elétrica é uma derivação da universal, mas como forma de comparação isso facilitará nossos estudos.
As ondas têm origem na origem no universo, em Deus. Como a elétrica, os sentimentos também possuem uma bipolaridade. Cada polaridade se consiste em um dos polos do binômio de opostos do planeta: bem ou mal, feio ou bonito, certo ou errado. Nesse trabalho, como estamos comparando a energia universal com a elétrica, utilizaremos os termos positivo e negativo para falar de cada polo.
O amor é uma onda eletromagnética, mas o ódio também o é. O amor é uma onda eletromagnética com polaridade positiva e o ódio com polaridade negativa.
Antes afirmamos que todas as ondas têm origem em Deus. Sendo o amor e o ódio energias, pergunto: será que Deus cria o mal, o negativo, como faz com o bem, o positivo? É aqui que queremos chegar nessa análise para alcançar a sua pergunta.
Deus não poderia criar o ódio, os sentimentos negativos, pois isto não condiz com seus atributos. Portanto, afirmo que o amor é uma onda eletromagnética gerada por Deus, mas o ódio não pode possuir a mesma origem. Então, de onde vem o ódio, o mal?
Na cultura popular se afirma que o amor e o ódio possuem uma barreira muito fina que os separa, pois esses sentimentos podem ser alternados muito facilmente. Esse conhecimento, na verdade, não é cultura popular, mas trata-se de uma lembrança espiritual. Amor e ódio são realmente a mesma onda eletromagnética.
Deus cria a onda eletromagnética amor e a manda para o universo com a polaridade positiva, mas o espírito que a negativa. Como isso acontece?
Quando a onda eletromagnética amor enviada pelo Pai é utilizada dentro dos objetivos de Deus (a união universal), é o próprio amor. Porém, quando essa mesma onda é usada com a intenção de contemplar os objetivos individuais do espírito, é negativada. Essa negativação do amor divino é cria o ódio, a raiva, a ansiedade, etc.
Deus cria a energia (sentimentos) como elemento da harmonia universal. Quando é utilizada para este fim é positiva. Agora, se o espírito a utiliza objetivando auferir benefícios próprios, negativou o positivismo de Deus.
Esse é o resumo do que você me perguntou. Existe apenas uma língua universal: o amor (energia) criado por Deus. Ele é positivo quando premia o bem estar do todo universal, torna-se negativo quando a intencionalidade busca o bem estar individual.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

PAIXÃO DE CRISTO: SOFRIMENTO E TRAIÇÃO


Passou a quaresma e chegou a semana santa. Por todo o planeta os seres humanos comemoram a “paixão de Cristo”, ou seja, o sofrimento que ele teve na sua crucificação e como chegou a ela. Mas, será que Jesus sofreu?
O sofrimento é uma invenção do ser humano, uma polarização das energias universais utilizada apenas pelos seres individualistas que não conseguem enxergar um mundo onde Deus é o administrador do universo.
Todo sofrimento é originado pela escolha do sentimento que o ser humano faz quando um ato foi executado contrariamente à sua aprovação. Assim, quando alguma coisa acontece que o ser humano não queria que fosse daquele jeito, ele escolhe sentimentos que o levam ao sofrimento.
Isto se dá porque o espírito acha ser ele mesmo quem define a decisão final do seu trabalho, ou seja, não aceita que tudo o que acontece no universo é obra de Deus Pai. Como Deus busca a felicidade universal, o ser humano que procura a satisfação individual sofre porque o que está acontecendo não está de acordo com as suas intenções.
 Como Jesus passou toda a sua pregação afirmando “seja feita a Vossa vontade assim na Terra como nos céus”, não poderia ele sofrer, pois possuía a compreensão necessária para ver o comando de Deus nos atos que estavam acontecendo.
Todos os espíritos na carne que comandaram ou comandam as religiões, conhecem a realidade do ser hu-mano, ou seja, aquele que quer ser satisfeito. Conhecem também o ensinamento que todos devem se submeter aos desígnios de Deus para alcançar a elevação espiritual. No entanto, ensinam que esta submissão deve ser silenciosa.
Todas as religiões, inclusive a espírita, apregoam que o ser deve resignar-se frente à dor (insatisfação), ou seja, deve abaixar a cabeça, sofrer em silêncio, sem revolta com o Pai pela decisão contrária de um trabalho.
Esta não é uma postura espiritual. O espírito tem toda a sua vida voltada para a busca dos ensinamentos que o farão avançar espiritualmente e apenas resignar-se não o levará a alcançar o ensinamento que o Pai manda a cada minuto.
Aqueles que ensinam a resignação (sofrimento sem revolta), portam-se como os pais e mães que não procuram explicar ao filho o que ele não pode fazer mas respondem aos atos dele com “nãos” incompreensíveis para a criança ou ainda com a indiferença. Não ensinam a criança como agir, mas apenas dizem que ela tem que sofrer o que estão sofrendo agora, a fim de poder ser melhor no futuro.
Para poder aprender o ensinamento que Deus passa em cada situação da vida, o ser precisa conviver com o resultado positivamente (amá-lo) e não se afastar ou “sofrê-lo” (vivenciar negativamente).
Se, ao contrário da resignação e sofrimento, o espírito entender o resultado negativo como um ensinamento que o Pai deu para ele pois estava precisando alterar-se para evoluir, não sofrerá, mas ficará feliz em poder tomar mais esta lição que o levará à elevação espiritual.
A entrega a Deus deve ser ativa e não passiva e Jesus deixou isso bem claro: “Pai, afasta de mim este cálice, mas se não for possível, que seja feita a Sua vontade”.
Trabalhar dentro das leis de Deus é interagir amorosamente com as situações negativas buscando a compreensão dos “erros” cometidos anteriormente. Esta é a vida espiritual tão decantada na literatura espírita.
Ver-se como um ser capaz de determinar resultados para as sua ações é querer tornar-se “deus” da sua própria existência. Esta visão traz o sofrimento, pois o espírito não compreende a ação de Deus e, por isso, não entende porque o resultado de seu trabalho pode acontecer de forma diferente do que ele espera.
Jesus não sofreu, pois conhecia estas verdades. Não foi à toa que a chamada “paixão de Cristo” (sofrimento) iniciou-se com um beijo, símbolo maior do amor para os encarnados.
O ato de Judas é entendido como uma traição porque o calvário de Jesus significa a dor. Quando Judas ainda está ceando com Jesus, este lhe diz: “Vá amigo, faça logo o que tem para fazer”. Jesus sabia o que Judas iria fazer e, portanto, este ato não pode ser considerado uma traição.
Além do mais, Jesus poderia, pelo menos em duas ocasiões, escapar daquela situação. Durante a ceia, sa-bedor que era da missão de Judas, poderia tê-lo impedido de sair ou mesmo alertado aos companheiros que certamente impediriam a “traição”.
Quando Judas chegou com os soldados romanos, Pedro sacou de sua espada resolvido a proteger o seu senhor e chegou a ferir um dos guardas. Jesus reagiu contra Pedro: “Achas que não tomarei até o último gole do meu cálice?”.
Desta forma, Jesus foi para a cruz com a certeza de que este era o destino que o Pai havia reservado para ele. Se este raciocínio não for o suficiente basta vermos quantas vezes anteriormente o Mestre afirmou que teria que ser levantado do chão para servir de glória.
Quem tinha esta compreensão jamais poderia sofrer no momento que sabia que seria a glória para toda a humanidade!
 A crucificação de Jesus foi o apogeu de uma missão entregue por Deus a ele e cumprida com perfeição. No evangelho de João está narrado que Jesus pediu a Deus que glorificasse o Seu nome através dele e recebe como resposta do Pai: “Já glorifiquei”.
O beijo de Judas, então, deve ser visto como o ato do amor sublime, ou seja, colocar os desígnios do Pai acima da vontade própria, pois para a glória de Jesus havia a necessidade de que ele fosse “traído” da forma que foi. Judas não foi o traidor, mas o herói da história de Jesus. Pedro, o apóstolo mais louvado pela religião, poderia ser julgado o traidor, pois negou Jesus três vezes...
O próprio Jesus reconhecia a fraqueza de Pedro e o avisou dela. Assim mesmo Pedro fraquejou. Já a Judas não foi dito o que tinha que fazer, mas apenas que havia chegado a hora de executar a sua parte para que a missão de Jesus fosse coroada de êxito.
Com todos estes elementos podemos afirmar que Jesus não sofreu, mas vivenciou em êxtase os momentos da crucificação porque foram determinados por Deus para que sua passagem na carne sobre a face do planeta ficasse marcada. Foi pela morte pela crucificação que Jesus manteve seus ensinamentos “vivos” até hoje.
Para se viver os ensinamentos de Jesus é preciso atingir o mesmo êxtase nos momentos em que as coisas não transcorrem exatamente dentro da vontade de cada um. Se ficarmos sofrendo como fizeram os apóstolos ou negarmos o ensinamento recebido como Pedro negou Jesus, não seremos dignos do exemplo que o Mestre deixou.
A perfeita compreensão da “paixão de Cristo” faz o espírito viver alegremente, pois sabe que o Pai está agindo para melhorá-lo e não para puni-lo. Não viver assim ou ensinar o próximo a não fazê-lo, é esquecer todo o ministério de amor que Jesus praticou e lembrar-se unicamente dos seus momentos difíceis.
Vamos viver a vida sem sofrimento, dentro do mundo de Deus, nosso Pai.

RELACIONAR-SE COM A MENTE


Participante: se o papel da mente é criar a afinidade com a ilusão, como o espírito que observa esta experiência progride?

Boa pergunta... Só tem algo que precisamos conversar antes a esse respeito.
A mente não cria afinidades com a ilusão. Para que ela criasse a afinidade com a ilusão, esta precisaria existir. Isso porque só neste caso ela estaria criando afinidades entre duas coisas existentes.
A mente não cria afinidades, mas sim a própria ilusão e dá a esta a força de real. Já falamos disso em outras oportunidades. É a força de maya que vem embutida no pensamento que dá à ilusão o toque de realidade, o sentido de real.
Essa arma que falaremos hoje está totalmente dentro disso. Ela é usada com este poder de maya e por isso dá a aparência de realidade à ilusão.
Como o espírito pode ver a força de maya, ou seja, escapar da ideia de real do que é criado pela mente? Através da observação. Vocês não observam a produção mental, por isso a força de maya é muito ativa sobre vocês. Mas, o espírito observa a formação mental e observando-a ele consegue ver a presença do egoísmo e da hipocrisia. Ao ver essas presenças o espírito consegue dizer que o que é descrito não é real, que não é o mundo que ele conhece, o que está acostumado.
Este é o caminho que ele trilha para escapar da ilusão. Por isso já disse que falo a espíritos através de egos.
Quando respondi a uma pessoa dizendo que o problema é falta de vergonha na cara, estou falando exatamente disso. Quando digo que é falta de vier aquilo que a se diz que acredita, estou falando ao espírito, apontando a ele a hipocrisia. Neste momento o espírito já fica prevenido contra aquela ilusão criada pela mente. Mesmo assim muitas vezes se deixa levar, já que está em provação.

Participante: se pela experiência diária o ser encarnado resiste às sugestões da mente, como o espírito que observa esta experiência progride?

No caso da sua pergunta, você já está querendo saber como progredir quando não sabe nem o que é progredir espiritualmente. Na verdade nenhum espírito progride: ele se limpa. Sendo assim, na verdade ele não avança, não progride: fica no mesmo lugar se limpando.
Sei que a resposta para você é meio complicada, mas não tenho como lhe dar outra, porque o funcionamento do espírito é algo que vocês não têm condições de compreender. Teria que falar de raciocínio de espírito e percepção dele e isso vocês não têm ideia do que seja e nem eu tenho como explicar.

REMÉDIOS


 Participante: é possível viver sem tomar remédio?

Sim, isso é possível.

Participante: mas, não temos que preservar o nosso corpo físico?

Mas quem disse que o remédio preserva? Estamos discutindo a nível espiritual e você já partiu para o materialismo.
A partir de informações científicas você acredita que o remédio preserva o corpo, mas quem disse que isso é verdade? Muitas vezes toma remédio para uma coisa, mas não conhece a ação dele sobre outras partes do corpo. Estou falando do que é conhecido como efeitos colaterais de um remédio. 
Quantas vezes já tomou um remédio para uma doença que destruiu sua parte intestinal? Quantos remédios propõe a cura de alguma parte do corpo, mas acabam ferindo outra? É isso que é chamado de efeitos colaterais.
Se este efeito existe, quem disse que tomar remédio preserva o corpo físico? Será que ele não causa mais mal? Tomar remédio não é sinal de prevenção do corpo físico, pois você o toma para curar alguma coisa, mas acaba fazendo mal a outra.
Na verdade, você nunca sabe qual a reação do remédio. Além de poder atacar outra parte do corpo, será que ele dará o resultado esperado?
Quantos remédios existem que se mostram eficazes em determinas pessoas e em outras não faz qualquer efeito? Na verdade, quando você toma um remédio não sabe se ele lhe fará bem. Mas, você continua tomando remédios assim mesmo. Por quê? Porque o ego diz que tomar tal remédio irá realizar a cura do seu mal.
Na verdade a coisa é muito mais profunda. É a personalidade humana quem vai criar a sensação da doença, da dor, do sentir-se doente e da cura, se esta acontecer. Aliás, o próprio remédio (a forma) é uma criação do ego, pois remédio como qualquer elemento material é fluído cósmico universal.
Apesar disso, a personalidade humana à qual o espírito está ligado durante a sua grande aventura, continua dizendo que o remédio é a causa primária da saúde. Mas, o que é a causa primária de tudo que existe como vimos no estudo de O Livro dos Espíritos?

Participante: Deus. 

Se o ego diz que o remédio é a causa primária da doença, o que ele é para o espírito que está aprisionado a isso como realidade? O seu deus para a cura.
Na verdade, quando a personalidade humana dá a algum elemento material a causa primária de algum acontecimento, está criando um deus. Para ela o remédio é o deus da saúde, como o carro o é da locomoção e o alarme e a cerca elétrica da casa o deus da proteção.
Eu não queria usar o termo Deus nestas conversas de hoje, mas tive que fazê-lo para que vocês entendam a ação da personalidade humana. Ela substitui o Senhor do Universo como causa primária, trocando-O pelas próprias coisas materiais. O espírito que acredita que isso é real pode ser chamado, então, de materialista.
Já o ser que está liberto desta ação, o espiritualista, vive para Deus, se entrega em Deus e por isso atribui a causa primária a Ele. Este ser diz assim para si mesmo: ‘o ego está me dizendo que foi o remédio que me curou, mas eu sei que as propriedades dos elementos que compõem o remédio são causadas por Deus. Então, foi Ele que me curou e não o remédio’.
O espírito precisa pensar assim, se quiser aproveitar a encarnação como instrumento da elevação espiritual, mesmo que o ego não tenha como criar realidades sobre o Universo, sobre o mundo onde Deus age. Por causa da necessidade do ser ter que realizar esta libertação durante a encarnação é que a chamamos de uma grande aventura. Trata-se de uma aventura porque o espírito precisa afastar-se do mundo conhecido, o seu próprio mundo espiritual, e aventurar-se num mundo onde ele nada conhece.
Como foi definido anteriormente, aventura é um empreendimento de risco. Vir à carne é uma aventura para o espírito, pois é um empreendimento onde ele tem que executar algo, onde tem que viver um mundo completamente desconhecido sem ter nenhum mapa que o guie.
Ela contém riscos porque a auto identificação do espírito com o ego o faz achar que o que a personalidade diz é real (o remédio cura) e precisa libertar-se disso, entregando-se a um mundo que nada conhece naquele momento.

DESAGRADAR O OUTRO


Participante: como se pode dialogar no mundo de hoje onde, por mais que você se esforce, vai estar sempre desagradando alguém com o que fala?

Falando sem intenções.

Participante: mas, o outro se sente ofendido com o que falamos e nós, presos às razões, nos magoamos. Sabemos que falamos sem intenção, mas o outro não sabe. Quantas vezes elaboramos cuidadosamente o que vamos falar e em contrapartida o outro se sente ofendido com o que foi dito. 

Você falou de mais dois ou três assuntos em sua pergunta, mas ainda assim fica fácil falar da intenção.
Diga-me uma coisa: em uma roda como estamos aqui será que o que você disser magoará as todos? Não. Alguns se sentirão magoados, outros não. Não é assim?

Participante: correto. 

Sendo assim, pergunto: você magoou alguém?

Participante: de certa forma sim, magoei alguma pessoa...

Não, se você tivesse a capacidade de magoar ou se suas palavras tivessem este poder, teria magoado a todos. Se alguns se magoaram e outros não, posso dizer que só sentiu esta emoção quem escolheu senti-la, ou seja, escolheu ficar magoado com o que você falou.
Na verdade não foi você quem magoou ninguém: o ego de quem recebeu sua ação, para poder criar uma realidade que servirá como prova para um espírito, escolheu a sensação de mágoa para reagir ao acontecimento ‘você falar’.
Na prática, o que aconteceu é que o ego do alguns espíritos disse a eles que o certo seria sentirem-se magoados naquele momento. Fez isso porque esta é a programação da aventura daqueles espíritos. Agora, o ego de outros, pelo mesmo motivo, disse aos seres que estão ligados, que não. Isso é o que está acontecendo na Realidade, no Universo, enquanto você está vivendo o falar e os outros o ouvir.
No Universo, longe das percepções que o ser humanizado pode ter, dos espíritos que estão participando deste acontecimento, alguns estarão ocupados em promover a sua reforma íntima. Estes, se lembrarão de desapegar-se das razões criadas pela personalidade humana à qual está ligado durante a aventura encarnatória. Com isso não se sentirá magoado.
Outros seres, aqueles que não estão neste momento vigilante quanto ao fato da elevação espiritual, ou seja, que não se preocupam com a reforma íntima, viverão a sensação gerada pela personalidade transitória. Com isso, além da personalidade, o espírito se sentirá magoado. Mas, a vivência dessa mágoa não é culpa sua.
O ego cria a sensação de ficar magoado porque esta é a prova de um espírito e o ser universal fica magoado porque não cumpriu o que Cristo ensinou (orai e vigiai): que culpa você tem? Por isso pergunto novamente: você magoou os outros ou eles se magoaram?
Essa é a primeira realidade que surge quando analisamos o mundo material a partir da realidade de ser apenas um mundo de encarnações e não um planeta com vida autônoma: ninguém é capaz de fazer nada a ninguém.
Se o outro decidir não receber o que você está fazendo de um determinado jeito, não viverá as emoções que o ego cria. Mesmo que você tenha a intenção de magoar, se o próximo estiver desperto e vigilante, não será capaz de magoá-lo. Se o próximo não aceitar a mágoa, você não magoa ninguém.
Por isso disse: a coisa mais importante na reforma intima é compreender que ela é a mudança do interno e não do externo. Quando o espírito se conscientiza disso deixa de se preocupar com o externo e passa a estar sempre atento ao interno.
Quando isso for sistemático para o espírito, ao ser criada a propositura racional de que se magoou alguém, o que será prontamente seguido da proposição da culpa, o espírito dirá: ‘isso é o meu ego que está dizendo e, por isso, tenho que me libertar dessa ideia’. Com isso, elimina duas sensações de uma só vez: a de ter ferido alguém e a culpabilidade.
Compreendeu? Esse é o primeiro detalhe na sua pergunta. Mas, como disse, existem outros assuntos embutidos nela. Permita-me comentá-los.
Segundo detalhe de sua pergunta: fico pensando em como falar com os outros. Por que você faz isso?

Participante: as vezes uma pessoa é querida e outras detestadas. Para não ferir aquelas que amamos, precisamos pensar em como falar.

Como diria Krishna, sua resposta parece até de um sábio, mas não é.
A razão humana diz que devemos agir com prudência para não magoarmos os outros. Apesar sido, quantas vezes você já ficou pensando como falar com determinada pessoa, encontrou uma forma de não magoá-la com suas palavras, mas quando falou saiu tudo diferente.

Participante: verdade. Quantas vezes estudei profundamente o que tinha que falar e no momento que falei saiu tudo diferente.

Por que isso acontece? Porque o ato acontece independente do que você queira que aconteça.
O que você vai falar para os outros acontece independente da sua vontade. A forma como as coisas acontecem não depende de você.
Lembre-se do que falamos até agora a respeito da encarnação ou vida humana: ela se consiste de realidades que são criadas pelo ego para a provação do espírito. Então, você não pode escolher palavras: só pode escolher se aprisionar ao ego ou não.
Você, ego ou espírito, não pode escolher palavras. É por isso que a personalidade humana decora um discurso para falar com os outros e quando participa da ação acontece tudo diferente. Quando isso acontece, a personalidade humana cria novas provas para o espírito: a contrariedade, a culpabilidade, etc.
Este é a minha resposta à segunda questão que você levantou com sua pergunta. Mas há mais uma. Você diz: depois eu fico chateado por que magoei os outros.
Quem é que ficou chateado? Você, a personalidade humana. Ficou chateado porque magoou o outro? Não. Ficou chateado porque a sua razão diz que você não deveria ter magoado o outro.
Na verdade você não está chateado por magoar, mas porque achava que não deveria magoar e isso acabou acontecendo. Ou seja, ficou chateado porque as coisas não saíram do jeito que você queria. Isso se chama individualismo. Foi ele que lhe fez sentir-se magoado e não o que os outros viveram a partir da sua ação.
Mas, quem ficou mesmo chateado com isso? A personalidade humana e não você, o espírito. Mesmo que o ego diga que você, o espírito, ficou chateado, não acredite nisso. Lembre-se: a personalidade humana não conhece as coisas do mundo espiritual. Por isso, como ela pode saber se o espírito ficou chateado ou não? 
Na verdade, quem criou a sensação de ficar chateado foi o ego. Agora, repare num detalhe: ele criou a sensação de estar chateado; isso não quer dizer que ele ficou.
O ego não sente nada: ele cria sensações como provação para o espírito.
Volto a repetir: tudo é interno, tudo é dentro de você. Todas as realidades do mundo que você, a personalidade humana, diz que vive quando conversa com os outros e expôs na sua pergunta (escolher palavras, magoar os outros e se sentir triste por ter magoado alguém) são, na realidade, criações ilusórias do ego e não atos ou ações reais. Por mais que acredite estar acontecendo externamente a você, creia, está ocorrendo apenas no seu interior.
Depois das suas ações gerando realidades, acontecimentos, o ego vai criar novas provas para o espírito. Estas provas estabelecerão uma nova forma de proceder, ou seja, ‘tenho que pensar melhor antes de falar’, ‘tenho que não me meter na vida dos outros’, etc.
Mas, apesar destas conclusões tão bonitas que ele gerou, pergunto: você pode deixar de fazer alguma coisa? Não, porque você, a personalidade humana, vai sempre realizar o que for preciso para a provação do ser universal, independente da sua vontade. Afinal de contas, você é a grande aventura do espírito e não um elemento do Universo.
Quem precisa se preocupar com alguma coisa durante o transcorrer das atividades carnais é o espírito e não você, a personalidade humana. Como já vimos, esta preocupação não deve ser em alterar a forma de agir do ego, pois isso ele não pode mudar. O espírito precisa se ocupar em mudar-se internamente, ou seja, a forma como reage às proposituras do ego.
Aliás, a sua pergunta mostra bem quem é você: uma personalidade humana. Digo isso porque as suas razões denotam uma preocupação com mudanças externas. Você está querendo mudar por fora (o que faz) e não o seu interior.
Mas, você não pode mudar nada, não é mesmo? Você, uma personalidade humana, precisa ser do jeito que é para que um espírito tenha sua provação.
Ele, que também é você, é que deve mudar-se. Ele é que deve deixar de se apegar às coisas criadas pelo ego, alcançando, assim, o espiritualismo.
É ele que precisa deixar de acreditar que fez alguma coisa e atingir o nada sabe a respeito de qualquer coisa neste mundo. Ele é que deve dizer assim: ‘eu não falei, palavras saíram’; ‘eu não ofendi, o outro é que sentiu ofendido’.
Agora, se o outro se sentiu ofendido com o que você disse, isso não é um ato de desamor? Isso não é errado? Não: se ele, o espírito, se sentiu ofendido foi porque não se libertou da criação da sensação de ter sido ofendida gerada pelo seu ego. Por isso, não podemos chamar esta atitude dele de erro.
Apesar da razão humana dizer que ser agente para que o outro se sinta ofendido é mal, o espírito não deve cair nesta arapuca. Não deve dar crédito à ação do ego que quer obrigá-lo a se sentir mal porque, ilusoriamente, a ação terminou com alguém se sentindo ofendido. Pelo contrário: esta forma de ver as coisas do mundo é uma prova do amor verdadeiro ao outro.
Lembra-se que definimos que para a existência do amor real é preciso se dar liberdade ao outro de ser, estar e fazer o que quer? Se você sofre porque ele se magoou, está dando a ele a liberdade de se magoar? Dar a ele liberdade é não se constranger com o sofrimento alheio: ‘se ele quer se magoar, problema é dele. Por mim, ele é livre para viver o que quiser. Eu não vou sofrer porque ele está sofrendo’.

GRAUS DE PERFEIÇÃO DOS ESPÍRITOS


Apesar da resposta do Espírito da Verdade ser longa e conter diversas classes de espíritos, o primeiro parágrafo já diz tudo o que precisamos saber: “São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente”.
Veja: se o grau de evolução dos espíritos é ilimitado, podemos dizer que cada espírito está num grau de elevação. Mas, onde encontraríamos embasamento para dizer isso? Na Verdade que diz que cada espírito é uma individualidade diferente dos outros. Se não existem dois espíritos iguais entre si, cada individualidade corresponde a um grau de elevação.
É claro que se quisermos podemos agrupar os espíritos dentro de qualquer grupamento. Podemos criar critérios que gerem grupos de espíritos dentro de nossa vontade, mas dentro de qualquer grupo que se crie, os espíritos não serão inteiramente iguais entre si.
É isso que o Espírito da Verdade está dizendo nesta resposta: podemos agrupar os espíritos do jeito que quisermos, mas eles sempre serão diferentes entre si. Por isso, a escala de elevação, por mais que sejam detalhados os critérios dos grupos criados, não condirá com a verdade.
Por isso peço a vocês: não levem em consideração o restante da resposta. Isso porque, se nos prendermos a essas classes que estão em O Livro dos Espíritos, podemos cometer sérias injustiças. Por quê? Porque vamos querer padronizar espíritos enquanto o que devemos compreender é que no mundo espiritual não há padrões.
Criando um grupo que afirme que existam espíritos brincalhões, por exemplo, vocês vão achar que o ser humanizado que conta piada é um espírito brincalhão e pode não ser. Dividindo a plêiade espiritual dentro dos grupos que estão aqui, criaremos um grupamento de espíritos mal. Com isso você vai achar que o ser humanizado que é reconhecido na carne como bandido é um espírito mal e pode não ser.
Sobre assunto, o que precisamos entender não são rótulos que podem ser dados a espíritos, mas que a escala espiritual é muito grande. Precisamos compreender que, na verdade, existe um grau de evolução para cada espírito e, se quisermos generalizar, se quisermos dividir espíritos em grupos, vamos cometer injustiças. Por isso é preferível ficar só com a informação de que existe uma escala espiritual, que essa escala espiritual é por ascensão moral e que ela é individualizada.
Saiba que cada espírito tem um grau de evolução: não existem dois espíritos com o mesmo grau de evolução. Se isso fosse possível, haveria duas individualidades iguais. Mas, isso é impossível no Universo. 

Participante: Meu amigo Kardec elencou por forma de elevação. Meu amigo Kardec atendeu a resposta de mais 50.00 mil espíritos. Se não fizermos da maneira que eles disseram, não se estuda espiritismo. 

Você está certo: se não for feito da forma que Kardec fez não se estuda espiritismo. Mas, desculpe, eu não estou estudando espiritismo. Eu estou estudando O Livro dos Espíritos numa visão espiritualista, ecumênica e universalista.
Já na introdução deste livro falamos exatamente disso.  Quando nela Kardec diz que o espiritismo se prende como uma das partes do espiritualismo nós dissemos que os ensinamentos dele não podem ser tratados isoladamente. É o próprio Kardec que diz que os ensinamentos de O Livro dos Espíritos se subordinam ao espiritualismo, pois são uma das partes deste.
Por isso disse lá e repito aqui: nós não estamos estudando o espiritismo, mas estudando espiritualismo usando para isso O Livro dos Espíritos. Justamente por isso precisamos não criar para nós esses padrões que existem no espiritismo. Digo ainda: é por isso que não vamos estudar a escala espiritual como proposta em O Livro dos Espíritos.
Como espiritualistas precisamos entender que o Universo é dinâmico. Esta escala foi muito importante naquela época, mas hoje as provas dos espíritos são outras e se você se prender a esta escala não vai conseguir evoluir dentro da visão espiritualista.

Participante: Kardec diz que apenas colocou um tijolo no edifício...

Perfeito: é exatamente isso. Kardec diz isso, mas o espiritismo não diz.
O espiritismo diz que a sua doutrina por si só, é o todo. Que ele não precisa dessa correlação com todos os ensinamentos de outros mestres.
É isso que digo sobre o assunto: Kardec foi bem claro afirmando que estava colocando apenas uma pedrinha, mas dessa pedrinha fizeram um altar e estão santificando a pedrinha ao invés de continuar a construir o prédio.
Mas, deixe-me completar a visão sobre escala espiritual. Quero falar agora de uma coisa que não está escrita aí, mas que criaram a partir deste ensinamento: a escala vertical, ou seja, um acima do outro.
Isso é impossível de existir. No Universo não existe ninguém acima do outro. O Universo é um todo, é formado pela junção de todos. Sendo assim, se um estiver acima do outro, se acaba com a igualdade que é necessária para existir um Todo.
Para compreender como é a escala espiritual vou fazer uma figura. Pegue uma caneta e um papel. Faça um risco na horizontal. Esta é a escala espiritual. Ela é horizontal e não vertical.
Agora no meio desta linha que riscaram, acima dela, coloquem Deus. Façam um ponto que esteja fora da linha, acima dela e chamem a este ponto de Deus.
Na escala espiritual Real, esta que vocês desenharam, quem está mais perto do meio da linha, está mais perto de Deus. Quem está mais à direita ou à esquerda, está mais longe de Deus. Mas, apesar disso, todos estão na mesma linha, ou seja, estão no mesmo patamar.
Esta escala é Real porque atende os ensinamentos dos mestres que dizem que não existe um superior a outro. Todos estão na mesma escala, na mesma linha, porque são filhos de Deus e, portanto, iguais entre si.
Todos os espíritos foram gerados idênticos pelo Pai, por isso não podem estar acima ou abaixo. O que se pode é estar mais perto ou mais afastado e nesta distância do Pai se encontra a diferença entre as individualidades.

Participante: Por isso Kardec não fala em igualdade e sim afinidade moral. 

Isso mesmo: a afinidade moral é a igualdade.

Participante: Então todos têm a mesma moral?

Sim, todos têm a mesma moral. Podem não se guiar por ela, mas todos têm a mesma moral.
Foi o que já estudamos: todo espírito é puro, perfeito. Ele pode estar sujo, mas já tem dentro dele tudo o que pode ter. Sendo assim, ele tem a moral, pode não usá-la, mas tem. Por isso eu coloquei na linha horizontal e não numa linha vertical.

Participante: O senhor pode repetir este ensinamento que diz que todos são iguais?

Sim. Eu disse que o espírito é luz e para compreender bem este ensinamento, o comparamos com uma lâmpada.
Ou seja, afirmei que todo espírito é uma lâmpada e que todas as lâmpadas ou espíritos do Universo têm a mesma voltagem e, por isso, o mesmo poder de brilhar. Só que algumas lâmpadas estão recobertas por uma camada opaca. Sendo assim, todas as lâmpadas brilham de forma idêntica, mas algumas não conseguem se irradiar tanto porque esta camada não permite que seu fulgor alcance o exterior.
Essa é a diferença entre os espíritos: todos são iguais, mas não conseguem vivenciar a igualdade porque estão sujos, estão presos ao individualismo, ao ego, as verdades individuais.
Participante: Ou não recebem a mesma energia, assim brilham menos que as outras.
Impossível não receberem de forma igual. Se isso acontecesse, Deus não seria Deus. Não seria Justo e Amoroso, pois estaria dando diferente a cada um.
Saiba de uma coisa: o problema nunca está fora de nós; sempre é dentro. Deus dá a mesma energia ou o mesmo amor a todos os filhos. Agora, se você pega o amor de Deus e altera a polaridade desta energia, ou seja, se vira para o individualismo, usa o amor de Deus para amar a si acima de todas as coisas e acima do próximo.
Mas, esta alteração de polaridade não é Deus quem cria, mas você, espírito, que, usando o seu livre arbítrio, escolhe fazer.

Participante: Mas, segundo o mesmo Livro dos Espíritos, Deus dá a cada um por suas obras. Aliás, quem falou isso foi Jesus. 

Cada um recebe de Deus de acordo com as suas obras: perfeito. Isso é o carma, é a lei do carma, mas não o amor.
Os acontecimentos da vida recebe-se de Deus segundo as obras, segundo a capacidade de amar, mas o amor não. O Amor de Deus é infinito. Ele dá Amor para todos. Se não fosse assim, Deus poderia dizer assim: ‘Eu não gosto muito de você, não fui com a sua cara porque você está fazendo o que Eu não gosto. Por isso não vou lhe Amar’. Se fizesse isso, não seria mais Deus, pois teria perdido as características que já estudamos.
Este Deus que você quer acreditar que existe é um julgador enquanto que o Pai é a Fonte Luminosa do Amor. Por isso afirmo: Ele ama a todos igualmente. Aliás, isso Cristo também disse.

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