O segundo item que Maria pediu sempre e que grande parte das pessoas não ouviu, foi a penitência. Não existe uma mensagem em que Nossa Senhora não peça a penitência de cada um de nós.
O que será penitência? Alguns interpretam a penitência como
uma punição, pois a vinculam a resposta que o sacerdote dá àqueles que erram. É
dessa forma que é entendida a penitência e por isto algumas correntes de
religiosos não aceitam que faça parte de suas doutrinas.
A penitência, portanto, não é aceita como um pedido de Maria
porque existe uma vinculação à flagelação. Entretanto, na definição do
vernáculo não encontramos flagelação ou condenação, mas sim:
“PENITÊNCIA - Arrependimento por faltas cometidas, confissão”.
(Mini Dicionário Aurélio)
Penitência não é uma pena aplicada a quem erra, mas o
arrependimento por faltas cometidas. Dessa definição podemos definir que quando
Maria pediu penitência, na verdade conclamou-nos ao arrependimento por faltas
cometidas.
O que é arrepender-se de uma falta cometida? É reconhecer
erros (escolha de sentimentos negativos) quando da vivência de acontecimentos
no mundo humano.
Porque a penitência é importante? Porque quem reconhece o
erro, pode não mais tornar a fazer a coisa errada. Enquanto não houver
reconhecimento das escolhas sentimentais erradas, não subordinadas ao amor ao
próximo e a Deus, acontecerá sempre a vivência deles.
Porque não se reconhece as escolhas emocionais diferentes do
amor universal? Por causa das cortinas que encobrem a compreensão do momento.
Na verdade, ninguém erra porque quer, mas sim porque mente
para si mesmo. Escolhe sentimentos diferentes do amor por causa da subordinação
ao sistema humano de vida. Vou dar um exemplo para entendermos o que estou
dizendo.
Digamos que alguém escolha
sentimentos que o levem a obrigar os outros a fazer o que acha certo. Se alguém
disser que ele está errado em pensar isso, a cortina, as verdades do sistema
humano de vida, o fará pensar assim: “não
estou errado. Estou ajudando essa pessoa a fazer a coisa direito, a coisa da
forma correta, pois eu sei o que deve ser feito nesse caso”.
É essa cortina que inibe a auto visão de que, na verdade, a
pessoa não está ensinando a fazer da forma correta, mas da forma que ela acha
correta, o que é bem diferente. Essa pessoa está vivendo o sentimento de
comandar, subordinar o próximo a si e não o da caridade, mas não vê isso por
acreditar que o certo é o que ela sabe.
O arrependimento passa pelo levantamento dessas cortinas que
falseiam a intenção com que se pratica o ato. Para haver o arrependimento é
preciso ter a penitência, o reconhecimento de que não está sendo utilizado um
sentimento positivo.
A verdade do sentimento é maquiada pela mente para
transformar um sentimento negativo em alguma coisa positiva. Esconde a intenção
de que o ser encarnado se satisfaça através do acontecer do jeito que ele quer.
O arrependimento de agir dessa forma e a alteração dos
sentimentos, depois de levantada a cortina criada para a satisfação individual,
é a penitência que Nossa Senhora pediu e que é necessária para a prática da
vida no próximo mundo.
Sem o reconhecimento da verdade da base de seus atos
(sentimentos), sem a análise da intenção dos sentimentos que movem o ato, como
fazer a reforma íntima? Como se reformar sem saber, na verdade, o que se está
fazendo? Como reformar uma mentira se ela é considerada uma verdade?
É essa a penitência que Maria falou. Só ela poderá trazer a
paz, a não agressão. Só a autoanálise profunda dos pensamentos a partir dos
ensinamentos doa mestres prepara o espírito para o próximo mundo. Não adianta
estudar os ensinamentos, conhecê-los, enquanto a intenção, o sentimento, for
maquiada.
Outro detalhe: o conhecimento dos ensinamentos não deve servir
para que novas maquiagens sejam criadas. Eles devem levar a uma nova postura
emocional que não se torne a certa. Se isso acontecer, continuará havendo
cortinas que encobrirão a verdade.
A penitência é levantar e descerrar as cortinas com a
autoanálise sem autoacusação e sem criar um certo, um obrigado a ser desse
jeito. A penitência, como é fundamentada no amor universal, leva a liberdade de
agir.
Quando a penitência passa por uma autoacusação, cria uma
flagelação. Com isso perde o seu real sentido, que é apenas o arrependimento
dos erros. Quando se levantam as cortinas e se descobre o sentimento verdadeiro
que está sendo utilizado, não há necessidade de acusação de erros passados, mas
sim a busca da não prática futura.
Também não deve levar a obrigações que precisam ser
cumpridas. O arrependimento é descerrar as cortinas e quando não mais estiverem
abaixadas, não haverá mais a necessidade de vigilância, pois a realidade será
vista.
Existe a necessidade da auto vigilância só para aqueles que
abrem apenas um pedaço da cortina e olham para dentro. O arrependimento não
pode ser um olhar por uma fresta, mas deve levar ao descerramento completo da
cortina que cobre a verdade de Deus e cria um novo campo visual da verdade.
Essa é a penitência que Maria pediu, o arrependimento que
ela informou necessário para o novo tempo e que nos levará ao fim da
interpretação das coisas.
No novo tempo, não haverá espaços para acusações, para
falsas verdades. O novo mundo, que está muito perto de começar, nada mais será
do que um mundo onde todas as verdades, nuas e cruas, serão recebidas e não
causarão sofrimento, pois passarão pela não violência e não acusação de cada um
e dos outros.
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